A erosão costeira é um fenómeno geológico global directamente relacionado com a fase interglaciar quaternária (de degelo das calotes polares) que deu lugar a uma subida generalizada do nível do mar (NM) há cerca de 18 mil anos. Nessa altura, na região litoral a norte do Porto, o NM situava-se 130- 140 m abaixo do nível actual e, aproximadamente a 30 km para oeste da actual linha de costa (LC). A partir daí, tem vindo a subir sucessivamente até à posição que actualmente ocupa.
A esta subida generalizada pode associar-se factores sedimentológicos e tectónicos na LC, à escala geológica de milhões de anos (MA). E antrópicos, eventualmente derivados do chamado efeito de estufa que, pelo aquecimento global, pode acelerar o degelo das calotes polares a que se adiciona, segundos outros especialistas, a falta de areias retidas pelas barragens hidroeléctricas (emagrecimento das praias, p. ex. a praia de Moledo). Os balanços entre estes factores, principalmente com os de ordem geológica, normalmente sensíveis apenas à escala de MA, de levantamento ou abaixamento da LC, são complexos. Podem resultar em acções adicionais ou contrárias em relação ao NM e ter apenas influência local ou regional. A intervenção eólica das dunas, como barreira natural, constituem uma entidade móvel e, por isso, quer-se livre.
O facto de hoje nos aproximarmos cada vez mais da LC, por razões de lazer e saúde, faz com que a sua ocupação desordenada constitua, naturalmente, o modo de melhor referenciar, à escala humana, esses movimentos. Nada poderá contrariar, à escala geológica, a subida do NM, razão pela qual, as tentativas para conter o seu avanço parecem ser infrutíferas.
Com as experiências e resultados vindos do estrangeiro tem-se confirmado que as “soluções”, que a engenharia costeira
tem vindo a adoptar, ou não resultam ou, são caras. Compete ao poder central, regional ou local informar-se junto da comunidade científica para, assim, saber acautelar devidamente esta parcela da Natureza.
“A melhor forma de minorar as diabruras do mar é impedir os disparates dos homens”. E, por incrível que pareça, é mais
económico deixar destruir do que proteger. Assim a Natureza segue o seu curso normal. “A Natureza para ser comandada deve ser, primeiramente, compreendida e obedecida”, já dizia J. Bacon, no séc. XVIII.