…Eu gosto muito desta gente

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Ilídio Brásio

Estaremos vivos enquanto quisermos.
Tudo isto vem a propósito de palavras – novas nesta altura – que acabamos de receber, proferidas por um grupo de pessoas mais velhas que se familiarizaram connosco a discutir desde o tempo em que como autarca da Câmara Municipal de Viana do Castelo, levantámos a famosa controvérsia do problema dos idosos vianenses – a que apelidamos na altura: “A IDADE MAIOR“; “A IDADE DA SABEDORIA“; “A IDADE DO BOM SENSO”; “A IDADE DO RESPEITO“.
Na oportunidade, e já lá vão 21 anos, lançamos mão da caneta e do papel, para, num pensamento de opinião/memórias, escrevermos uma referência à “PELARGIA”/NUM MUNDO NOVO.
A civilização grega tinha uma lei, a que chamava “PELARGIA”, uma antiga lei em que os filhos tinham que tomar conta dos pais envelhecidos e doentes, assim como estes o tinham feito enquanto filhos mais novos.

Durante as festas da Nossa Senhora da Agonia, tive oportunidade de me sentar numa das bancadas existentes na avenida e observar, atentamente, quem me rodeava.

O que me foi dado observar: olhei para o lado e deparei com uma figura que aparentava certa idade, de porte mediana, barba rala por fazer, chapéu de abas curtas, de região de criação de gado com uma beata lambida entre os dedos, ladeado por senhoras vestidas a rigor. Era uma multidão de gente de nossas aldeias, acompanhadas pelos seus filhos, netos, e avós com muita idade.

Era gente simples que tinham vindo à festa por sua livre e espontânea vontade e que, nas suas conversas, se encontravam felizes e contentes. Apercebemo-nos que os sítios mais bonitos estão ligados a pessoas. Assim sendo, continuávamos a entender e a acreditar que, o principal da vida, são as das pessoas simples. É verdade que cada caso ou casos é um caso. Ninguém tem o direito, quem quer que seja, de se intrometer nestas situações.

ROMAIN ROLLAND disse: que “O VERDADEIRO HERÓI É AQUELE QUE FAZ O QUE PODE. OS OUTROS NADA FAZEM“.
Eu vi essa gente, de quem muito gosto, fazer a festa com alegria, sinceridade, bom senso, respeito e sempre com um sorriso que mostrava bondade para quem as rodeava. Fechei os olhos e as suas conversas e gargalhadas, as suas palmas pelas mãos que amanham as terras, as atenções que dispensavam aos seus familiares mais idosos, continuavam vivas na minha memória e me acordavam com os foguetes que acompanhavam as festas.
Lembrei-me, agora, de dois livros que me foram oferecidos pelos meus amigos – MANUEL COSTA PEREIRA E ÉLIO MIRANDA – amigos, naturais de Barroselas, que referem o viver simples e bonito das pessoas da sua terra.

E aqui, uma senhora mais idosa do grupo referir, pasme-se: ”o que de mais relevante se passava na sua aldeia, no seu país, no mundo.”

Quem alguma vez inquiriu a sua apreciação às nossas festas ou à sua maneira de viver? Ou será que só os engravatados merecem ser ouvidos?

Pergunto se a comunicação social — diária e regional – na sua leitura de opinião, que eu acredito bem escrita e pensada, sobre política, guerras, mentiras, atentados, mortes, quezílias, corrupção etc., poderá merecer da minha opinião e alertar a consciência dos leitores?

Tenho a certeza que esta gente continuará a abrilhantar as nossas festas e a dar vida com a sua sensibilidade e simpatia à cidade de Viana do Castelo.

É verdade que nós vivemos de todos – as gentes dos lugares limítrofes; de todas as nossas aldeias; da gente da cidade; de todos os visitantes – mas recordar-me da gente simples que nos visitam merecem o meu e, creio bem, o nosso respeito.
Essa gente sóbria, honesta, pacífica e trabalhadora, elas combinam as qualidades que desejamos como exemplo para as nossas vidas do dia-a-dia.

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