Falar menos e trabalhar mais

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Os nossos antepassados, na sua imensa sabedoria, quase sempre fruto da escola da vida, legaram-nos alguns conceitos a que nem sempre se dá o conveniente valor. É pena, porque, quanto mais caminhamos no tempo, mais compreendemos a utilidade deste legado. Entre tantos ensinamentos que, paternalmente, os nossos antecedentes nos foram dando a conhecer, vale a pena relembrar alguns, suficientemente enquadrados no momento que o país vive. Ei-los: “quanto mais falamos mais erramos”; “assuntos sérios são tratados com recato”; e, acima de tudo, aquela máxima de que “em contendas, o calado sairá sempre vencedor”.

Se os nossos representantes máximos valorizassem estes velhos ditos, provavelmente não teríamos esta governabilidade acidentada que se vai verificando. Mas não. Temos um Presidente que adora falar, que, a par de outros exageros, opina por “dá cá aquela palha”, tal como fazia quando era comentador; e gosta de dar ralhetes publicamente, com ameaças veladas, a quem, tal como ele, foi eleito para governar o país. Depois, temos um primeiro-ministro que se cansa facilmente destes comportamentos e não perde oportunidade para apostar em jogo político próprio, tantas vezes mais de interesse pessoal.  

Estamos em democracia e esta exige debate de ideias, mas para isso há local próprio, que é o Parlamento. Quanto ao resto, é mãos ao trabalho, com o Governo a livrar-se de casos e casinhos que nos ridicularizam, e a resolver os problemas do país, que tantos são; e, por seu lado, o Presidente da República fazendo usos dos seus poderes, velando pelo respeito da Constituição e aprovando ou rejeitando os diplomas que lhe são apresentados, deixando as observações que tem para fazer nas reuniões regulares com o primeiro-ministro. Um país adulto, que se quer desenvolvido e de boa prática social, não pode cair no arrufo e na ameaça entre poderes. Mais trabalho produtivo e menos contenda é o que mais falta nos faz.

Terminou mais uma edição do “Ler em Viana”. No ano passado, aqui se escreveu que estava aberto o caminho para valorizar o livro e a leitura. Depois desta segunda edição, tal ficou provado. A par de um espaço livreiro de qualidade, estimulante do prazer de consultar e adquirir livros, houve ao longo de duas semanas debates e música, quase sempre de muita qualidade, mobilizadores de um vasto público animado e participativo. Naturalmente, o futuro só poderá ser de consolidação da iniciativa.

                   GFM

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