O Prédio do Coutinho (PC) é mais uma vez objecto de polémica com uma “Carta Aberta ao Primeiro-Ministro”, proposta pelos moradores resistentes (pg. 19). Nela é exposta mais uma resenha do historial por que tem passado o PC, nestes últimos 20 anos, numa tentativa “in extremis” contra a sua demolição.
Parece-nos, contudo, haver cada vez mais pessoas que, fartas desta polémica, têm vindo a aceitar a imagem do Prédio — a que se vão habituando com o tempo –, conseguindo, desse modo, o ganho de certa “personalidade” naquele local.
Haverá mesmo “forças ocultas” que vêm intuindo o sentimento de “deixa ficar” — ao verem naquele “bota abaixo” do PC um “mercado das couves” — sem acreditarem que seja verdade!
Menos se entende a “qualificação a património histórico” de uma área devastada pela construção civil dos finais do século XIX: onde, do Convento de S. Bento apenas resta a igreja; e, do cemitério do Largo das Almas e R. da Piedade, somente o Largo que suporta actualmente a Capela, não esquecendo a rua que mudou o nome para Mateus Barbosa, lembrando o nome da família fundadora deste periódico.
O mesmo se poderá dizer, e repetir até exaustão, da estória do Mercado Municipal (MM) a edificar no espaço do PC – ou seja, o escandaloso derrube (2003) do moderno mercado, do arquitecto João Andresen, na R. Martim Velho, ali ao lado do PC, para assim se justificar, por força, a expropriação do PC e edificar, em seu lugar, um outro não menos polémico MM.
Isto, sob a batuta de um bem-falante eng. civil, ao tempo técnico superior da Quarternaire, ‘travestido’ em arquitecto, hoje ministro do Ambiente, teve na condução deste processo de “qualificação patrimonial” sem que, até ao presente momento, tenha tido qualquer benefício da CEE que justifique todos estes “bota abaixo”.