Na periferia da cidade, assiste-se a um estranho e desusado movimento para instalações de gasolineiras. A última anunciada é uma “low-cost” espanhola!
Todos sabemos que, ao contrário das energias renováveis, os combustíveis fósseis são finitos e a sua exploração contínua não é sustentável a longo prazo. Os combustíveis fósseis são os principais responsáveis pelo aquecimento global – a sua queima liberta dióxido de carbono e outros poluentes na atmosfera. Poluentes que, comprovadamente, contaminam o ar e provocam diversas doenças respiratórias e cardiovasculares, com considerável impacto na saúde pública.
A instalação de novas gasolineiras num contexto de transição energética e redução do uso de combustíveis fósseis apresenta, de facto, um óbvio contrassenso, face aos esforços globais de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e de combater as mudanças climáticas. Conflitua, objetivamente, com as políticas de mobilidade sustentável que o Município tenta implementar, tendentes à redução do uso de veículos particulares e à promoção da mobilidade ativa, recorrendo a autocarros elétricos no transporte público municipal.
O reforço das gasolineiras envia uma mensagem contraditória para o mercado e aos consumidores, sugerindo que o uso de combustíveis fósseis continuará a ser a norma, quando, na verdade, há uma necessidade urgente de transição para energias renováveis. Embora haja argumentos económicos de curto prazo para a instalação de novas gasolineiras, em breve, estas podem constituir ativos encalhados e um desperdício de recursos. Uma abordagem mais coerente reclamaria investimentos em infraestruturas para veículos elétricos, biocombustíveis e outras alternativas mais limpas.
Mas, neste mar de contrassensos em que vivemos, a instalação de uma gasolineira “low-cost” em Viana do Castelo apresenta, também, algumas vantagens que merecem consideração: as gasolineiras “low-cost” oferecem geralmente combustíveis a preços mais baixos, beneficiando os consumidores locais e atraindo clientes de áreas vizinhas. A entrada de um novo “player” no mercado pode estimular a concorrência, levando outras gasolineiras a ajustar os preços e a melhorar os seus serviços.
Estamos perante um facto que apresenta um lado desfavorável e outro benéfico para a vida dos vianenses.
Boa ou má notícia? O leitor decida!
Carlos Baptista