O SNS, infelizmente, não atravessa o melhor dos seus dias, como nos é dado a saber, quer pelo testemunho da maioria dos profissionais de saúde, que reclamam com a sua luta melhores condições de trabalho, afetação de mais recursos humanos, melhores direitos laborais, que os livre do trabalho penoso provocado pelo aumento do número de horas extras, quer pelas sucessivas experiências que cada um de nós vai tendo, quando precisa de uma consulta ou de uma cirurgia.
Também é sabido que o direito à proteção da saúde e a prestação de cuidados globais de saúde, com o acesso a todos os cidadãos, independentemente da sua condição social e de recursos, está garantido pela constituição da República Portuguesa.
Nunca será de mais lembrar que a maioria dos portugueses conta com o Serviço Nacional de Saúde e não tem rendimentos para contratar seguros de saúde e, muitos menos para, pagando, recorrer às unidades de saúde privadas.
Parece que, de há uns anos a esta parte, existe um mantra criado por um conjunto de personalidades, quer politicas, quer empresariais, que, a todo o custo, querem com ele demonstrar que os cuidados de saúde para serem eficazes devem estar entregues à iniciativa privada, desejando com isso transformar a saúde num negócio.
Os primeiros vinte e cinco anos da existência do SNS geraram ganhos em saúde que colocaram Portugal num lugar de destaque no panorama internacional, na qualidade de vida de milhões de cidadãos, ajudando, ainda, a reduzir as desigualdades sociais de acesso aos cuidados de saúde. No entanto, vimos verificando que esses ganhos se têm vindo a esbater devido a opções e decisões políticas erradas e mais liberais, que determinaram a redução do investimento público no serviço de saúde. Porém, perante estes ataques constantes ao SNS, em sua defesa, têm sabido responder a oposição de alguns partidos, dos profissionais de saúde e dos cidadãos que não têm permitido a asfixia, por muitos desejada, do modelo de proteção e da rede de cuidados de saúde dos portugueses.
Para isso, têm contribuído, decisivamente, a dedicação, a entrega quase permanente dos nossos profissionais do Norte ao Sul do País, pese todo o tipo de contrariedades, desde a insuficiência de recursos humanos, que os obriga a trabalhar um elevado número de horas para além das legalmente estabelecidas, sujeitos à falta reconhecimento do seu trabalho e congelamento de carreiras, motivos mais do que suficientes para deixarem o serviço nacional de saúde e abandonar o país. Um país que não investe como deve na saúde e na educação, não pode ter futuro. Contudo e, apesar disso, perante tanta obsessão em desmantelar o SNS, mesmo exaurido, ele continua a cuidar satisfatoriamente os doentes em algumas unidades de saúde de Portugal, muito particularmente, ao Norte de onde sou natural e resido. Não o podemos deixar morrer. Para a qualidade dos serviços prestados contribui decisiva e maioritariamente o potencial dos seus recursos humanos, o conhecimento, o profissionalismo, o humanismo de todo o pessoal, que é do melhor que há, que o digam os países que acolhem estes profissionais.
Acometido de doença súbita, fui conduzido pelos Bombeiros Voluntários, no dia 03 do corrente mês, justamente à Unidade Local de Saúde do Alto Minho, EPE, como é agora designado o Hospital de Viana do Castelo, tendo de ficar internado até ao dia 6 e, não sendo a primeira vez que a ele recorro, novamente pude constatar o empenho, o profissionalismo, a disponibilidade, a simpatia e a dedicação aos doentes da equipa de profissionais que nele prestam serviço, desde os médicos, enfermeiros, técnicos de radiologia, e até aos auxiliares de serviços gerais.
Por isso, quero deixar aqui expressos a minha gratidão e o meu reconhecimento a todos os profissionais de saúde da ULSAM.
Um bem-haja a todos!
António Amorim
