O envelhecimento é hoje encarado como o maior desafio demográfico de que há memória. Numa sociedade em que, felizmente, se vive cada vez mais anos deverá existir uma preocupação acrescida com essa vivência, a sua sustentabilidade e qualidade.
Envelhecer é um processo natural, sendo condição sine qua non do humano e de todos os seres vivos. Tal facto, inevitável, não implica que o idoso esteja obrigatoriamente condicionado ao desenvolvimento de doenças e ao declínio da sua qualidade de vida, sendo que, considerando até o avanço da ciência e da tecnologia, tem direito a um envelhecimento ativo, digno e saudável.
O conceito de “envelhecimento ativo” da Organização Mundial da Saúde procura transmitir uma mensagem mais abrangente do que o conceito de “envelhecimento saudável” e reconhece que, além da idade e dos cuidados com a saúde, muitos outros fatores individuais, familiares, sociais, ambientais, climáticos e de desenvolvimento influenciam e determinam o modo como os indivíduos e as populações envelhecem.
Com o envelhecimento poderá aumentar a fragilidade da saúde física e mental, agravarem-se as doenças crónicas, aumentar a dependência, a solidão, o isolamento, a depressão, o abandono e a rejeição. Todos estes fatores contribuem para o aumento da pressão sobre os sistemas de saúde, de apoio social e das famílias. Desta forma, torna-se imperativo que cada um de nós, como parte integrante da sociedade, opte por intervenções e estratégias que previnam e/ou minimizem a incapacidade e aumentem, com qualidade, a expectativa de vida ativa e, sempre que estas não forem passíveis de concretização, optar por medidas que permitam restaurar, manter ou melhorar a qualidade de vida, aliviando sintomas e promovendo cuidados para superar problemas físicos, psicológicos e sociais.
A atual situação pandémica que o País atravessa alerta-nos para o facto de que se pretendemos envelhecer ativamente enquanto sociedade é urgente e indispensável que se invista no desenvolvimento e aperfeiçoamento de medidas e políticas, não só na área saúde, mas também na área social e cultural, de forma a promover estratégias de resiliência comunitária.
São múltiplos os esforços e iniciativas que têm vindo a ser desenvolvidos no sentido de responder ao desafio do envelhecimento ativo, com uma visão positiva, valorizando ao máximo o papel dos idosos na sociedade, reconhecendo e apoiando o papel dos cuidadores da área da saúde e social. Com o intuito de proporcionar aos idosos um estilo de vida ativo é muito importante procurar pontos de interesse e atividades que lhes incutam motivação, prazer, divertimento e satisfação, bem como que contribuam para manter laços e ligações com a sociedade, permitindo que se sintam parte importante, integrante e útil desta.
Concluindo, de forma a por em prática o termo envelhecimento ativo, é crucial evoluir para uma política comunitária de intervenção em saúde proactiva, baseada na promoção da saúde e na prevenção da doença.
«And in the end, it’s not the years in your life that count. It’s the life in your years.» Abraham Lincoln
Patrícia Perestrelo Passos
Interna de Psiquiatria