“Haja Saúde”

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Há pouco mais de um mês, de saúde aqui falamos, convictos de que nem tudo estava bem, mas que tínhamos condições suficientes para superar dificuldades e manter o Serviço Nacional de Saúde (SNS) de que dispomos, com bom enquadramento no contexto mundial, no plano da assistência e na qualidade dos serviços dispensados. Sobre esta matéria, fale-se com os que recorrem regularmente ao nosso hospital, que logo saberemos da gratidão manifestada pelo apoio que lhes é prestado. Contudo, a estabilidade nesta área tarda em afirmar-se.

Para chegarmos ao SNS que temos foi preciso investir muito em recursos de variada ordem, particularmente ao nível de estruturas hospitalares, equipamentos – alguns portadores de alta tecnologia – e formação médica. Por outro lado, à medida que o recurso a cuidados médicos cresce, as exigências na mesma proporção se multiplicam. Está estimado que, em média, o custo anual do SNS por cada português, em assistência médica, é já superior a 1300 euros. Se multiplicarmos este valor pelos cerca de 10,5 milhões de cidadãos que somos, chegaremos aos 13,6 mil milhões de euros que o erário público suporta em cada ano. Deve ter-se em atenção que este custo é só do SNS, porque os custos, em geral, da Saúde ultrapassam os 25 mil milhões. Valores que estão em permanente crescendo. Para 2023 o Orçamento do Estado, no domínio da saúde, tem já programado mais 1.177 milhões de euros.

Com este quadro, e dada a delicadeza do tema, tanto mais que os desequilíbrios demográficos fazem de nós uma população envelhecida, era de prever que Governo e associações de classe do pessoal da Saúde se entendessem, minimamente, para acabar com estas perturbações nos hospitais que criam caos e um profundo mal-estar, particularmente para quem é portador de doenças crónicas. Mas não é isso que está a acontecer. Só agora foi conseguido um acordo mínimo, com uma parte, insatisfeita, a ficar de fora e a outra a manifestar alguma abertura. É pena que não seja encontrada uma solução a primar pela unanimidade. Os doentes são merecedores do máximo respeito de quem tem saúde e de quem a saúde promove.

Com certeza que vamos encontrar soluções e que veremos os problemas minimamente ultrapassados. Na saúde nunca haverá soluções completas, mas haverá soluções. Porém, também era importante que em matéria tão delicada não houvesse tanto aproveitamento político, como se vai verificando. Então agora, com as eleições à porta, o decoro vai com certeza ficar em casa detrás da porta. É pena…

                  GFM

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