Haja vergonha, senhores!

Defensor Moura
Defensor Moura

Há dias li na última página da Aurora do Lima uma croniqueta comparando a qualidade da governação de Viana do Castelo com a da Suíça, a propósito da demolição em curso do Prédio Coutinho. 

Dizia o cronista “enquanto Viana do Castelo delapida grande parte dos seus parcos recursos na demolição de um prédio de apartamentos de 13 andares, edificado nos anos 70, a próspera e turística cidade de Montreux continua a conservar as suas duas torres, construídas em meados da década de 60, o edifício de apartamentos Torre de Marfim com 29 andares e Hotel Riviera, de 17. Confirma-se, mais uma vez, que o nível de prosperidade dos povos se deve muito à qualidade da sua governação”.

Num pequeno artigo publicado há pouco tempo neste semanário, assumi a paternidade da terceira e definitiva tentativa de demolição do mais famoso prédio da nossa cidade (e não só!), pelo que, para não me alargar em considerações sobre a croniqueta citada, apenas reproduzo o que escrevi no meu livro “Nasceu com o destino traçado” a propósito da segunda tentativa. 

“Em 1990, o executivo municipal liderado por Branco de Morais, anunciou o propósito de demolir o edifício até ao piso 6, para corrigir aquele gritante erro urbanístico, com recurso a apoios de Fundos Comunitários para indemnizar os proprietários, indemnização que então disse ao Diário de Notícias calculava em mais de 500 mil contos … 

Posteriormente, por oportunista oposição política à terceira tentativa de demolição, os apaniguados de BM tentaram desmentir aquele propósito, afirmando até que se teria tratado de uma brincadeira de 1º de Abril, indevidamente aproveitada e ampliada pela comunicação social. 

Para azar desses (re)escritores da história, dois técnicos superiores da autarquia vianense declararam, sob compromisso de honra em tribunal, que a dita intenção foi apresentada formalmente numa reunião mensal daquele presidente com os dirigentes camarários, tendo encarregado dois deles de avaliar os custos da demolição do Prédio e de investigar as vias de financiamento comunitário.

Infelizmente o impetuoso autarca não conseguiu apoios nem do Governo nem de Fundos Comunitário e o majestoso estorvo lá continuou”.

Tal como aquele adolescente mal-formado que, depois de levar uma tampa da jovem a quem pediu namoro, passa a dizer que ela é uma vadia e oferecida… o cronista tenta reescrever a sua história servindo-se do exemplo daquela cidade suíça, onde não me recordo de em Montreux alguém me ter apontado as ditas torres como atractivos ícones urbanos.

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Já cá tínhamos visto um autarca a inaugurar casas de banho e o inefável Ministro Marques Mendes a inaugurar festivamente (num terreno “adquirido com exemplar boa governação” a Jeremias Ramos!) a primeira pedra de uma Pousada da Juventude que nem projecto tinha!

Mas usar a bandeira da Presidência da República para inaugurar um banco de jardim só podia lembrar ao Presidente Marcelo!

E obrigar o estupefacto Presidente da Eslovénia a partilhar esse simbólico gesto foi, realmente, uma engenhosa forma de o fazer esquecer as preocupações da guerra, prestes a estalar no centro da Europa!

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