Homossexualidade

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Existindo a sexualidade bissexual, homossexual e transexual, é da homossexualidade que quero falar. O homossexual é o ser humano que, congenitamente, sente forte atração, tendência ou inclinação pelas pessoas do mesmo sexo, e não pelas pessoas de sexo diferente. Na minha vertente silenciosa de padre, cedo percebi que não podia assobiar para o lado, mas ser amigo e pastor, auxiliar e confessor, conselheiro e tutor, mestre e sabedor, e mesmo tudo quanto pudesse ser nessa linha. A homossexualidade existe, é forte, e algumas vezes mais notória do que seria de esperar. Quem a carrega vive uma grande prova com pensamentos machucantes, insistentes, persistentes e não desistentes. As vítimas sofrem razoável, ou até muito, e o pai e a mãe estão na primeira linha, sem que nenhum deles seja culpado de nada. Acerca disto, e doutras coisas parecidas, a minha irmã Luisinha dizia com certa piada: “São sortes; e a quem toca, toca”.

Como proceder? É nosso dever acolher tais pessoas com toda a naturalidade, estimando-as, respeitando-as e tendo sempre em conta que qualquer compaixão que signifique “coitadinho” ou “coitadinha” – longe de ser compaixão – é, sobretudo, uma grave ofensa. Os homossexuais são tão humanos como nós, são tão cidadãos como nós, e são tão herdeiros da pátria que esperamos como nós. Não são ilegítimos ou bastardos da criação, mas sim e só imagem e semelhança do Único Deus Invisível que também sobre eles tem desígnios de misericórdia e de salvação. Eles não se escolheram assim nem a si mesmos se modelaram. Eles não se fizeram a si mesmos e muito menos assim. E não vale a pena a ninguém fazer interrogações cansativas ou desgastantes porque, se há tantas que não têm resposta, estas fazem parte do mesmo lote. Por isso mesmo, nada de discriminações. Quando tive de ouvir e aconselhar alguém- sempre mais rapazes do que meninas – sempre evitei a palavra anomalia, absurdo da natureza, aberração fatal ou vítima do fatalismo; sempre, e só, lhe chamei uma inclinação ou tendência, mas sem nenhuma outra palavra mais adjectivante, acutilante ou desviante. E sempre disse que não é nenhuma ofensa a Deus ser aquilo que se é. A inclinação é só o que é sem nunca ser outra coisa… E muito menos pecado. Mas sempre acrescentei e acrescento que tais pessoas, como quaisquer outras, e como todas as outras, são chamadas à castidade. Todos sem exceção. O sexto mandamento da lei de Deus dado a Moisés no Monte Sinai foi dado a todos e é igual para todos. Tais pessoas, como todas as outras, são chamadas à vivência da castidade normal, lutando contra as paixões com a força do autodomínio, de uma vida espiritual orante e sem nunca desprezar o apoio de um acompanhante que, genérica e felizmente, era o pai ou a mãe ou os dois simultaneamente.

 Na minha missão de padre, atendi uma maioria que já tinha consultado o astrólogo, o psicólogo, a sexóloga e o neurólogo. E, tomando eu conhecimento do que estes lhes terão dito, modéstia à parte, sempre me senti muito à frente dos parlapatões que saltaram fora do seu esquema intelectual. No meu remate dialogante com tais pessoas sempre lhes disse: – Encara a vida de frente e olha para o céu, que é o que eu também faço quando me encontro na rua com qualquer rapariga bonita. 

E aos de Viana do Castelo sempre acrescentei e acrescentarei que olhem para o sacrário do Monte de Santa Luzia. A quem toca, toca, mas sem esquecer que tendo para a vida a graça de Deus, é garantia de força para a vitória.

Manuel Quintas

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