O grito de liberdade, fraternidade e igualdade continua a ecoar no mundo, exortando-nos a combater todas as formas de discriminação. Combate-se a discriminação com base na raça, na etnia e na origem, no género e na orientação sexual, na religião e na orientação política, na deficiência, na língua e na cultura. Mas, o tratamento diferenciado em razão da idade – discriminação cuja causa se designa de “idadismo” ou “etarismo” – só recentemente começou a ser conhecido e compreendido.
Entendido como “estereótipo (como pensamos), preconceito (como sentimos) e discriminação (como agimos) direcionados às pessoas, com base na sua idade”, o “etarismo” é a terceira causa de discriminação no mundo, logo a seguir ao racismo e ao sexismo. Por isso, este fenómeno já é uma das maiores preocupações da Organização Mundial de Saúde.
Não há apenas discriminação sobre os idosos, uma vez que pode havê-la, também, sobre os mais novos. Mas, em Portugal, onde um quarto da população tem mais de 65 anos de idade e cerca de 15% desta já alguma vez foi vítima de abuso, é a discriminação dos idosos que mais nos deve preocupar.
Na opinião de uma prestigiada jornalista portuguesa, natural de Viana, com a qual estou de acordo, o respeito pelos idosos é cada vez menor e a transferência do afeto dos humanos para os animais de companhia é cada vez maior. E, também como ela, acho que a exclusão dos idosos da praça pública poderá ser uma imitação do abandono dos velhos nas montanhas, para aí morrerem sós, longe da vista dos novos.
O “Censo Sénior”, realizado pela GNR, no último mês, sinalizou 1207 idosos alto-minhotos, a viverem sozinhos, isolados ou em situação de vulnerabilidade. Esta sinalização e as ações de sensibilização para que estes adotem comportamentos de segurança, reduzindo o risco de se tornarem vítimas de crimes, nomeadamente em situações de violência, de fraude e de furto, seriam mais do que suficientes, se outras boas ações não houvesse, para que se louvasse quem as realizou!
