Mais um verão e mais uma vez assistimos ao nosso belo Portugal a arder… Não fosse este um período de enorme sofrimento para pessoas, animais, território e coberto vegetal, tudo o que vimos acontecer nas nossas televisões seria um verdadeiro Playground jornalístico.
Como é seu hábito, o primeiro-ministro António Costa, que se encontra a banhos, falando dos incêndios, com aquele seu ar de “Turista Acidental” ou “Lost in Translation”, atirou as culpas para as altas temperaturas e, com o maior desplante, também sua característica, aos Portugueses, porque são irresponsáveis! Será que o Sr. Primeiro-ministro atribuiria as mesmas culpas aos enormes incêndios de 2003, 2005 e 2017? Ou acrescentaria, eventualmente, à irresponsabilidade dos cidadãos a inevitabilidade do nosso Ecossistema Mediterrânico? Passados 5 anos da enorme tragédia de Pedrogão Grande, Leiria, onde morreram 66 pessoas e ficaram feridas 253, o Governo, está à vista, nada preparou ou alterou para evitar novas tragédias.
É claro que, hoje, o nosso Portugal reúne um conjunto de características que contribuem para o acontecimento destas tragédias. A primeira será sem dúvida a acentuada desertificação do interior do país, levando isso, como é óbvio, à quase inexistência de agricultura, pecuária, silvicultura, caça, pesca em rios e barragens, sem esquecer o ordenamento e a limpeza de matas e caminhos. Bem como, ainda, a falta de políticas sérias e exequíveis de ordenamento do território, a não existência de um evidente Corpo de Guardas Florestais e uma “estranha” política de reflorestação com espécies não autóctones, por exemplo o eucalipto.
Num clima mediterrânico, o fogo faz parte do ecossistema, daí que erradicar os fogos não seja de todo possível, mas limitar impactos, minorar danos e, principalmente, evitar mortos é possível e premente.
Que tal usar parte das receitas dos nossos enormes Impostos para, com seriedade, criar incentivos para o repovoamento do interior, para ordenar a floresta e criar incentivos à sua exploração, fazendo com isso renascer e desenvolver atividades primárias e secundárias ligadas à agricultura, silvicultura, pecuária e outras, por exemplo, a tradicional extração de resinas; em vez de esbanjar esses mesmos Impostos em áreas e atividades sem retorno e que não criam o tão necessário desenvolvimento, nem riqueza para o País.
Enquanto não forem implementadas estas medidas, ou outras semelhantes, levando às imperiosas mudanças, vamos continuar a ver o nosso belo Portugal a arder por todo o lado, significando isso que continuaremos a ser governados por incompetentes, em gerir desde floresta a meios terrestres e aéreos, passando pela economia, a natalidade, a educação e a saúde…
José Belo