Indesculpável – Um filme que confere expectativa

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Alcino Pereira

Este filme de 2021, protagonizado pela conceituada atriz Norte-Americana Sandra Bullock, no papel da ex-presidiária Ruth Slater, à partida, para o comum dos cinéfilos, confere expectativa, devido à saída avultada desta da prisão, após ter cumprido pena durante 20 anos, por homicídio.

Traumatizada pela culpa que lhe é imputada, designadamente por o crime à queima-roupa que vitimou o incontestável Xerife da sua cidade, e pela experiência nefasta da prisão, a qual soube ultrapassar com distinção, Ruth tolhida por essa mácula, patenteia um semblante sisudo e um traço de personalidade firme, procurando, com pragmatismo, um ofício que lhe assegure subsistência. 

Conseguindo, graças a sua habilidade e empenho, arranjar dois empregos, Ruth transporta consigo um desejo intrínseco que lhe incute alento, ambicionando reaver a sua irmã Katie que, na época do sinistro que causou a sua detenção, estava aos cuidados de Ruth, por falecimento prematuro dos seus progenitores. 

Mas neste imbróglio narrativo, além de Ruth, outras peças demonstram esse lastro traumático, fornecendo acutilância e sentido a esta história. Uma delas é a mencionada Katie, pois não obstante a adoção assumida por um casal, que a brindou com tudo de bom e do melhor, esta, mesmo assim, denota forte carência afetiva, vindo-lhe à memória uma mulher sem rosto, que na sua infância olhava por ela com ternura e dedicação. Noutro paralelo, cita-se a personagem Keith, um dos filhos do Xerife supostamente morto por Ruth, que ao ser informado da libertação desta, perturbado, anseia vingar-se e responsabilizando-a de ter ficado solteiro, incumbido de amparar a sua mãe inválida, fruto do choque originado pela morte do seu marido. 

Lançados os dados, a história entra numa espécie de escalada frenética e agitada, visando potenciar no espectador um páthos clamoroso e impactante. Com Ruth a evidenciar uma enorme persistência e resistência, laborando praticamente noite e dia, focada no seu objetivo, aproveitando uma vaga para ir ao encontro do experiente advogado John Ingram, que por sinal habita na sua anterior residência, rogando-lhe que a ajude, num procedimento oficioso, que possa proporcionar uma aproximação entre ela e Katie, apesar da relutância inicial de John. No outro lado da barricada, o embicado Keith esforça-se por convencer o seu irmão Steve a traçar um plano para destruir definitivamente Ruth, acabando por contar com a sua concordância e disponibilidade, acicatada pela reserva de ódio que os atormenta irremediavelmente.   

Ainda assim, neste cenário de liberdade, no princípio, tudo parece correr positivamente para Ruth. Todavia as coisas dão para o torto, quando certos colegas descobrem os antecedentes criminais, dela, desencadeando alguns conflitos que a deixam agastada, somando a essa contrariedade o facto dos encarregados de educação de Katie, vetarem categoricamente um eventual cotejo purificador entre irmãs. Contudo, num súbito dia, algo novo obvia essa entoação degenerativa de Ruth, com o surgimento inusitado duma jovem, que pretende apresentar Katie a Ruth à revelia dos pais adotivos, podendo concretizar-se através de um desenlace com emoções ao rubro.  

Em jeito de balanço, o filme é claro na mensagem que transmite, que eu aprovo, já que todo o ser humano merece uma segunda oportunidade, independentemente do fardo pernicioso que carrega.

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