Já foi há 40 anos

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Em 6 de Janeiro de 1984, realizaram-se as Jornadas Médicas do Hospital de Viana do Castelo, cuja sessão de abertura constituiu a Inauguração do Hospital no que concerne à sua função formativa, como teve de escrever a Comissão Instaladora que integrei, porque tinha sido proibida pelo Ministro da Saúde de fazer a inauguração oficial.

A comunicação social e a população interpretaram aquele ato como a verdadeira Inauguração do Hospital, promovida pela Comissão Instaladora que realmente tinha instalado os serviços hospitalares no novo edifício, entregando à Misericórdia o antigo hospital, frustrando assim o primeiro propósito da Comissão Inauguradora nomeada apressadamente pelo novo Ministro da Saúde.

Nunca mais ninguém teve a coragem (e a desvergonha) de tentar fazer a tal inauguração oficial do nosso Hospital!

No passado sábado, 6 de Janeiro de 2024, fiz questão se assinalar os 40 anos daquela inauguração informal, no mesmo auditório do Hospital, fazendo a pré-apresentação de um livro que escrevi sobre o trabalho desenvolvido pela Comissão Instaladora que integrei, narrando sumariamente as intercorrências que dificultaram, primeiro a sua constituição e depois o seu funcionamento, para concretizar  o propósito prioritário de instalar o Novo Hospital, como primeiro passo para a reivindicada melhoria dos cuidados hospitalares à população do distrito.

Tive o prazer de ter ao meu lado os principais responsáveis das entidades a que dediquei a minha vida durante mais de quatro décadas, os presidentes da Câmara Municipal, do Conselho Distrital da Ordem dos Médicos, da Liga dos Amigos do Hospital e do próprio Hospital de Viana do Castelo, que conhecem bem e há muitos anos a minha dedicação à causa pública e a minha luta pela saúde e bem-estar dos meus concidadãos. 

E, para além dos muitos companheiros que me comunicaram a ausência por motivos diversos, tive o enorme prazer de rever na assistência que encheu o auditório do Hospital, mais de oito dezenas de colegas de trabalho que responderam presencialmente ao meu convite – médicos, enfermeiros, técnicos, administrativos, auxiliares e voluntários – que comigo quiseram partilhar aquele simbólico ato comemorativo da “inauguração” do nosso Hospital.  Até cantamos em conjunto os “Parabéns” ao nosso Hospital!

Intitulei o meu livro “Uma pedrada no charco!”, adaptando o título do artigo em que o saudoso Diretor d’A Aurora do Lima, Felipe Fernandes, comentou a minha primeira entrevista ao Jornal de Notícias, em Maio de 1981, onde eu tinha registado uma breve  história da luta pela construção de uma novo hospital em Viana do Castelo, que se tinha iniciado já na longínqua data de 1911 e se foi sucedendo ao longo do século XX, em etapas de promessas governamentais não cumpridas durante mais de sessenta anos. 

Na entrevista que dei ao jornalista Abílio Faria do JN, que veio a despoletar um crescente movimento social, que nunca mais parou até à abertura do novo Hospital, eu denunciava a profunda degradação do antigo Hospital e o antiquado modelo da sua administração hospitalar, e chamava a atenção dos autarcas e do Governo do país para a incompreensível paragem das obras do novo edifício, em construção no sopé do monte de Santa Luzia.

A constituição da Liga dos Amigos do Hospital e a mobilização da população vianense para a luta pela abertura do Novo Hospital, a nomeação de uma mais dinâmica Comissão Instaladora e a eleição de uma nova Direção Médica, bem como os obstáculos que durante três anos atravessamos para atingirmos o nosso objetivo principal e as múltiplas peripécias, funestas e por vezes também cómicas, que vivemos intensamente nessa travessia do mar encapelado pela transição governamental de 1982/84 são exaustivamente narrados na minha obra, na perspetiva de quem viveu todos aqueles acontecimentos bem por dentro e sem nunca se resignar com a passividade reinante dentro do Hospital e na comunidade vianense, nem com as “orelhas moucas” dos governantes para os gritos de dor e de protesto dos cidadãos vianenses de todo o distrito.

O livro “Uma pedrada no charco!” agora pé-apresentado à comunidade hospitalar na própria data do aniversário, tem na capa uma composição da Gráfica Casa dos Rapazes sobre desenhos de Elder Carvalho de 1981 e vai ser publicamente apresentado pelo jornalista Abílio Faria na Biblioteca Municipal, na primeira quinzena de fevereiro próximo.

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