JOHN Q

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É o título de um filme estadunidense de 2002, particularmente tocante, porque, por linhas tortas, realça que o direito da proteção à saúde, como elemento premente e imprescindível, não pode estar em xeque por causa da obstinada agiotagem em torno dos negócios afetos aos Serviços de Saúde.

Apesar do enredo mexer com os nossos sentimentos mais nobres, para o êxito deste filme, muito contribuiu a prestação categórica do ator Denzel Washington, no papel de John Q, um homem com uma hombridade fora do comum, que vai ter que rasgar as vestes para tentar salvar a vida do seu único filho.

No que diz respeito ao filme, John Q, sua mulher Denise e o seu descendente Mike são pessoas que vivem com notórias dificuldades financeiras. Mesmo assim eles fazem questão de que o seu filho pratique Basebol, desporto emblemático e o mais condizente com o estereotipo do americano de gema.

Negligenciando se o menino Mike, de 8 anos, reunia as melhores condições para participar nesta competição desportiva, num insólito dia em que decorria um desafio de Basebol, este desfalece em campo, completamente inanimado, com John Q desenfreado a levá-lo ao hospital mais próximo, sendo detetado na criança um problema cardíaco bastante grave. Com os pais mal refeitos da apreensão causada pela trágica doença, o cirurgião de turno traça um quadro fatal, vaticinando poucos dias de vida, devido à enorme inflamação do órgão, cujo mal só pode ser dirimido através de um transplante cardíaco. Mas este prognóstico lúgubre atinge o cúmulo da iniquidade, ao saberem pela boca da Diretora do Hospital, Rebecca Payne, que o seguro de saúde do casal é de tal ordem exíguo que não permite ao miúdo ser incluído na lista de pré-transplantes.

Com o estado de saúde de Mike a piorar vertiginosamente, derivado à impotência dos medicamentos, Denise, desesperada, pressiona John Q para este tomar uma atitude retumbante, no sentido de evitar a terrível morte de Mike.

Não tendo outra alternativa, a não ser recorrer à intimidação e às ameaças, John Q, no interior do hospital, transtornado, aponta uma pistola à cabeça do cirurgião, fazendo este refém, além dos funcionários e utentes do serviço de urgência, exigindo como moeda de troca que o seu filho seja rapidamente operado.

Acossado por todos os lados, John Q, de maneira destemida, vai-se aguentando neste registo lancinante. Aproveitando o intervalo, obrigado à negociação com as autoridades e à consequente libertação de alguns reféns, acaba a fazer uma prédica emocionante perante as câmaras da TV, comovendo a opinião publica e logrando a retratação de Rebecca, que providencia, à última hora, um órgão de um dador acidentado para, no epílogo final, agarrar a preciosa vida de Mike.

Sintetizando as entrelinhas deste filme, só me posso orgulhar do meu país, por disponibilizar um Serviço Nacional de Saúde que atenua a vida difícil dos mais pobres, ao invés de um estado abastado como os EUA, que tem como mácula o número redondo de 40 mil pessoas sem acesso a cuidados de saúde condignos.

 

Alcino Pereira

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