Caminhando pela Avenida do Atlântico, eis que me encontro na Praia Norte, agora de boas condições, tanto para a prática de exercícios físicos como para o relaxe. De pequeno, percorria esta praia de penedo em penedo para algo de marisco apanhar, que servia de sustento para a família. Agora, o tempo é outro e as situações mudaram!… Ouvindo o bater da água nos penedos, segui minha caminhada. E quanto é extenso essa maravilha que é o mar. Por momentos, contemplei o sítio onde antigamente existiu o Rio de Fontes, onde, de vez em quando, acompanhava minha mãe para lavar a roupa. Hoje, desse rio, apenas há recordações, porque tudo ou quase tudo que era dele desapareceu. Melhora-se umas coisas e derruba-se outras, o que é pena.

Continuando, passo pelo Castelo Velho, onde tudo são ruínas, e é triste. Podia aqui nascer um bar que lhe desse vida e depois, creio, eis o Castelo Velho a ter serventia. Continuei gozando uma refrescante brisa e eis-me passando pela Etar, onde, mais à frente, junto à água, deparamos com uma imensidão de seixos que, batidos pela água, deles imana um ruído musical assemelhada à música de Vitorino d’Almeida.

Depois, Senhora da Vinha, onde, na taberna que aqui existia, se saboreavam as Lapas e os Mexilhões. Seguindo caminho, chego à Ponte Nova. Aqui também havia um rio, onde, nas águas límpidas vindas do monte, as mulheres davam às suas roupas um tom de brancura. Parece-me que, naquele tempo, ainda não existiam os detergentes que fazem milagres. Apenas o sabão tudo lavava!…

Com as forças a darem sinal de esgotamento, chego à estrada, onde, na mais conhecida Casa de Pasto, do Sr. Luís da Venda, recuperei energia. Depois, caminhando por entre as veigas de Areosa, regressei a bom porto, cansado sim, mas cheio de ar fresco que, junto a esse mar sublime, apanhei. Este mar que nos enche de ternura, que nos convida a pensar, que nos encanta e nos oferece, também, as suas histórias de Amores e Horrores. 

Otelo Sousa