Portugal não tem estado parado e, se comparado com os tempos do Estado Novo, é incomensurável o progresso verificado. Se em todos os setores fizemos progressos visíveis, alguns há em que o salto foi de superior grandeza.
Há problemas a resolver? Há, com certeza que há muitos, e com influência no nosso desenvolvimento, ainda longe da expectativa com que sonhamos quando adquirimos a liberdade e nos julgamos capazes de nos equipararmos a alguns dos nossos parceiros europeus.
Longe da Europa, é a justiça social que no país se pratica. Continua a haver muitas dificuldades para muitos de nós, para não utilizar o termo miséria a que ainda estão submetidos muitos portugueses. Todos conhecemos gente que levou uma vida de trabalho duro, praticamente durante todo o tempo em que havia força para trabalhar, mas que hoje não dispõe de condições financeiras para o essencial, que é comer e vestir, para já não falarmos em condições de habitabilidade.
Não pretendo colocar-me em posição de vítima, por que vítimas não faltam neste país de que todos gostamos, mas, depois de 42 anos de trabalho e mais dois de guerra colonial, continuo a ter que fazer pela vida para subsistir. Felizmente a saúde ainda tal vai permitindo, o que não acontece com tantos. É assim, estamos condenados. Quase nascemos a trabalhar e a trabalhar morreremos.
Fernando Sá