Mais deferências

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A minha inoperância com aquela ciência “oculta” a que muitos chamam informática levou a que, no artigo que escrevi sobre o mestre Zé Marumba, surgissem, totalmente fora do contexto, referências ao mestre José da Conceição Guia, facto este de que publicamente me penitencio perante o “A Aurora do Lima” e todos aqueles que vão tendo a pachorra de ir lendo o que por aqui escrevo os quais, assim o creio, não serão tantos quantos a amizade do Ilídio Brásio me quer fazer crer que são.

Quando, vai para algum tempo atrás, me referi às deferências de que fui alvo enquanto estive em Viana do Castelo uma houve bastante invulgar, por parte do mestre José da Conceição da Guia, mais conhecido por Zé Cascas e que aconteceu na Ribeira.

Por razões que agora não vêm ao caso, mas que certamente estavam também relacionadas com o facto de um seu filho ser oficial da Marinha Mercante que episodicamente colaborava com a capitania, o mestre José da Guia era um dos mestres de pesca com quem mais amiúde conversava.

Foi aliás na sua embarcação que, por duas ou três vezes, embarquei para a faina da pesca, atividade essa que considerava importante experimentar. Tais embarques foram sempre precedidos de uma recomendação de que deveria “fechar os olhos” na eventualidade da captura de uma lagosta, espécie essa que eu considerava não existir no mar de Viana porquanto, tanto quanto julgava saber, não existia memória de algum exemplar dessa espécie ter aparecido na lota.

Felizmente para mim, e não para ele, nunca foi necessário fechar os olhos ao que quer que fosse.

Não sei se foi num qualquer desses embarques, ou noutra qualquer ocasião, ter – lhe – ei manifestado o meu interesse em assistir/participar numa sessão da lota, ficando então combinado que ele me acompanharia em tal ocasião.

No dia aprazado lá nos dirigimos para a lota, com o intuito de adquirir um lote de uns poucos búzios grandes até um determinado valor, por mim calculado face aos valores praticados nos últimos dias.

Quando o lote pretendido foi a leilão verifiquei que o mesmo foi arrematado pelo valor por mim estabelecido, o que confesso me deixou muito satisfeito pela “excelência” da minha habilidade na previsão de custos.

Só alguns anos depois, numa visita a Viana, vim a saber ter sido o mestre José da Guia quem terá feito constar (intimidar?) os demais compradores do interesse do capitão do porto naquele lote específico e na “conveniência” em não o licitar.

Carlos A. E. Gomes

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