Agora sei que minha mãe terra é esta terra de barro e planície
este chão de sol vermelho e pedras de silêncio.
Sei agora que minha mãe terra dorme nas cores do horizonte
no interminável mundo de paletas impossíveis.
Agora sei que minha mãe terra é o rosto do passado
entre braços vazios e vozes que não se ouvem.
Sei agora que minha mãe terra é o eco das palavras ditas
ao longo de ruas sem qualquer sentido.
Agora sei que minha mãe terra é o fim da terra interminável
das palavras que ninguém ouve e das cores que ninguém vê.
Sei agora que minha mãe terra não é o calor da manhã
mas o frio das horas amargas nos dias que nascem sem nome.
Agora sei que minha mãe terra é o lugar da miragem
recriada no tormento deste barro sem memória.
Sei agora que minha mãe terra é segunda infância sem futuro
a inocência singular de uma pintura sempre inacabada.
Agora sei que minha mãe terra é o amor perdido
no granito incendiado pelo fulgor do sol poente.
Sei agora que minha mãe terra é o chão desta planície muda
adormecida nos sonhos da madrugada.
Sei agora que minha mãe terra é a saudade
a saudade de tudo o que era… e não é nada.
adão cruz
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