Na apresentação do livro ABAT-JOUR do Orlando Barros

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Não pretendo com a apresentação deste livro, dar qualquer lição exaustiva sobre literatura, estilística, métrica ou rima ou o que quer que seja, mas tão só falar das emoções despertadas pela sua leitura, acreditando que elas me tenham permitido entrar no domínio criativo e inspirador de um autor de qualidade comprovada, sem cair na tentação de entediar seja quem for, muito menos o próprio.

Começo por vos falar da capa, muito simples, na qual seria suposto imaginar um abat-jour, mas o que lá está basta: as cores mais vivas ou esbatidas, distribuídas por zonas foscas ou de maior luz – dito isto, falamos de um quebra-luz cuja função é limitar a intensidade da luz ou orientá-la. E o poeta sabe do que falo. Posto isto vou semear as minhas emoções:

Orlando Barros nasceu, segundo o próprio, em Leiria, mas não se lembra… vai insinuando ter-se libertado das águas maternas, aquando do desembarque dos aliados na Normandia. Este é o autor que conhecemos como sendo um ente arrojado no ser, no estar e no escrever. Um homem de embarques e desembarques vividos até ao tutano e que desde o nascimento, tal Darwin, o ligam a viagens experimentais altamente inspiradoras.

Desta feita, como destemido homem do leme, embarcou no Abat- Jour – inusitado veículo cultural pilotado com mestria, numa viagem poética, abrangendo, basicamente, todos os condimentos que temperam a cultura a seu bel-prazer, numa viagem frenética diversificada, repleta de emoções e cansaço mais mental que físico de algumas agências de viagens… tipo Pinto Lopes.

Viajamos no Abat-Jour de Orlando, levando como convidados de honra: Deus, anjos, deuses, deusas, prostitutas, mártires, poetas, pintores, escritores, escultores, filósofos, políticos e ditadores, mulheres de avental, lugares, personagens famosas… tal   arca de Noé, não é Orlando?

Nem tudo é fácil, nem de escrever nem de imaginar-se, mas a criatividade lança-nos desafios inusitados; às vezes bastante polémicos. Quanto à forma como a expressamos. Orlando Barros levou-nos no seu Abat-Jour tal guarda chuva que virado se transforma no barco no qual encetamos esta viagem. Um Abat-jour fonte de penumbra ou de luz. O fio de prumo do mundo… Versos racionalmente emocionais, divertidos, ousados… Plenos de lições culturais, mas sobretudo com lições a retirar da obscuridade humana.  

Acredito piamente que da escuridão se chega à penumbra e da penumbra se faz luz. Ninguém nasce iluminado… ilumina-se e a escrita do Orlando além de divertida consegue abanar consciências.

Era suposto escrever muito mais sobre esta viagem de luz e penumbra, fio de prumo virtual de Abat-jour iluminado ao correr dos versos (dedos), deste tanoeiro da escrita seja ela em versos ou não.

O início deste escólio serviu para entender esta viagem, ora mais obscura ora mais luzente, projetada pela rotação sincronizada da caneta mestra no Abat-jour. Penso que ficou tudo dito. O tanoeiro das palavras aduelas que ri, ironiza ou critica igualzinho a si mesmo. Racional, emocional, ousado nas palavras, que ora surtem efeitos luminosos psicadélicos ora nos transportam, tal penumbra “Abat-jour(iana),” da qual irradiará a luz da compreensão humana, ou talvez não…

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