“Não matarás”…

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Era este um dos “Dez mandamentos” (Decálogo), que, segundo a Bíblia e Tra­dição, Deus teria entregado a Moisés, no alto do monte “Sinai” (Egipto).
Mais tarde, o Cristianismo explanara esse mandamento assim:
“Não matar nem causar outro dano, no corpo ou na alma, a si mesmo ou ao próximo”. Assim me ensinaram na catequese, há oito dezenas de anos, e julgo doutrina ainda em vigor.
Depois, já adolescente-jovem, estudante de Teologia (fundamental, dogmática, moral, ascética-mística), arraigou-se-me no espírito uma espécie de horror ao “homicídio”, “suicídio”, “danos” causados a animais ou seres humanos…
Porém, já mais crescido, mais racional, mais filósofo, mais observador e leitor, mais estudioso da história (profana e eclesiástica), senti agitarem-se e colidirem, na minha mente, ideias contraditórias acerca do vocábulo “Matar”…
Observei então que caçadores, pescadores, capadores, matadores, eram termos comuns e familiares sem quaisquer conotações negativas ou imorais. Apercebi-me até do tom prazenteiro e alegre emanado de famílias e vizinhos falando e convidando para o convívio da “matança”… Havia festa!
Diga-se, no entanto, que na minha mocidade as palavras “assassino e assassinato” faziam tremer de horror! Ai! do criminoso que assassinasse alguém! Era visto por todos como um energúmeno repelente! Dizia minha saudosa Mãe que ao assassino era colocado no peito um ferrete de ignomínia!
Mas os tempos foram andando e a observação-estudo de “martírios”, “guerras“, “perseguições“, “inquisições“, “condecorações”, “canonizações“, “coroações”, “mausuléus”, “panteões”, etc., serviram-me de premissas para concluir que a palavra “matar” encerra monemas de vitupério e de honraria… As Forças-Armadas exercitam-se diariamente em treinos de defesa mas tam­bém de matar. Há até a chamada “carreira de tiro”, onde soldados-atirado­res-apontadores gastam tempo e munições em treinos de mira no alvo, sím­bulo de atingíveis humanos… Há mesmo especialidade de elite de mira…
Mais: será que os nossos Descobridores-Conquistadores de além-fronteiras levavam cavaleiros e soldados apenas para defesa…!? Julgo que não…
Que pensar então das (i)legitimidades da dita “pena de morte” prati­cada em muitos paí-ses!? Haverá “guerras justas” e “guerras injustas!? mas em todas elas se “mata”, por pontaria, cálculo e intenção… Quando é que se “mata” sem ofender o preceito divino “não matarás”…? Mais ainda: na dita “Eutanásia” porventura serão mesmo sinónimos “matar” e/ou “deixar morrer”…!? No drama do Calvário, houve um “crime” ou uma “dádiva”…!?
Quem é, de facto,, o dono-administrador da “Vida” do indivíduo…!?
O “suicida” será mesmo um “usurpador”, ou antes um infeliz sem apoio a quem faltaram forças para vencer a crise…!?
Vês, amigo Leitor, como eu navego em dúvidas que consomem neurónios de quem não sabe viver sem pensar…! Onde a VERDADE…!?

Nunabre

(Foto: “Sermonário Digital”)

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