No final de mais um ano lectivo

António Pimenta de Castro
António Pimenta de Castro

No final de mais um ano lectivo, é tempo de se fazer uma reflexão de como decorreu mais um ano de escola, quer do ponto de vista letivo, quer do ponto de vista profissional. Do ponto de vista profissional, foi o que se viu: o já “velho” problema do “congelamento/descongelamento” das carreiras docentes; as greves; as “promessas” não cumpridas; enfim, a já habitual confusão…Ainda dentro deste problema, o descongelamento de dois anos e tal…do tempo de serviço, originando mais confusões, trapalhada e uma desorientação, quase geral, na progressão e burocracia inerente a essa “progressão”. Enfim, o já habitual neste triste país….com “leis e decretos feitos, muitas vezes “em cima do joelho”…Mas nem só de congelamento/congelamento vive a escola, sobretudo a pública, na qual trabalho. Há mais motivos de depressão e stress que afetam os professores, os auxiliares da ação educativa (ou, neste caso, a sua falta…) e dos próprios encarregados de educação… enfim, o habitual…

Já há uns bons anos lectivos, frequentei na “minha escola” (Agrupamento de Escolas Dr. Ramiro Salgado – Torre de Moncorvo), uma ação de formação cujo tema era “A Escola sem papel”, ou seja, a desburocratização excessiva que já então “reinava” nos estabelecimentos escolares. Frequentei, com todo o empenho essa ação de formação, ingenuamente convencido que se iria resolver, ou ajudar a resolver, esse problema, que já então atormentava os professores…ingénuo… passados todos estes anos, os professores vêm-se atormentados com a excessiva carga de trabalho a preencher papéis e mais papéis que (creio eu), na maioria ninguém os lê, mas que têm que ser feitos… A maior parte das pessoas que estão fora do ensino, nem imaginam as “paletes” de papel que o desgraçado do professor tem que preencher, sobretudo no final do ano letivo… Há, mas não é tudo, com a proliferação dos chamados novos meios de comunicação social… até nos fins-de-semana e férias, recebemos dezenas (para não dizer centenas) de emails e mensagens sobre isto, mais aquilo… A burocracia está a matar a escola e a deprimir e a stressar ainda mais os professores e, por inerência os funcionários e as Direções das próprias escolas. Não duvidemos que a burocracia é a “Rainha da Escola” e não os alunos, como era no tempo em que eu era aluno (aluno serei sempre pois sigo aquela máxima: aprender até morrer). Temos, urgentemente que repensar a escola, e já. Ele é: a colocação de professores/as a centenas de quilómetros das escolas; a falta de valores; a educação que se vê e a “rainha da festa” a burocracia!

Temos de “centrar” a escola NO ALUNO e não na burocracia. Temos de educar os alunos para a investigação (e não para a competição) e de rever os programas. Confesso que não tenho muita esperança, mas, dizem que ela é a última a morrer…

Foto: Observador

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