Ignições naturais, intencionais ou negligentes, ocorridas nas últimas semanas em quase toda a Península Ibérica, não combatidas logo no seu início, deram origem a grandes incêndios que, sob altas temperaturas e baixa humidade, lavraram em muitos milhares de hectares das nossas zonas rurais, quase todas ao abandono.
O número de ignições tem vindo a diminuir e a prevenção, a vigilância e a limpeza junto das vias e das casas aumentaram, nos últimos anos. Mas, basta observar as paisagens florestais para verificar que, nelas, as grandes cargas combustíveis, em condições climatéricas adversas, tornam difícil o combate aos fogos.
Os proprietários não têm capacidade de reduzir as cargas combustíveis e enquanto o Estado assobia para o lado… A meteorologia continuará a ser adversa e as situações de contingência e alerta serão cada vez mais frequentes!
A floresta de produção tem perdido valor económico e, embora se preveja uma valorização da madeira nos próximos tempos, urge remunerar os proprietários e produtores florestais pelos serviços públicos que prestam à sociedade (oxigénio, água e paisagem), cujo valor será cerca de dois terços do da madeira que produzem. E há que regular o mercado de carbono para que, nele, o retorno não seja apenas do Estado, mas também dos proprietários e empreendedores florestais. Para enfrentar as al-terações climáticas e reduzir a perigosidade dos fogos, temos de melhorar o ordenamento e a gestão do território florestal, conjugando economia com ambiente e tornando este cada vez mais sustentável e seguro!
E haverá, também, que começar a admitir ser justo ponderar o peso político eleitoral das populações rurais dispersas e abandonadas na maior parte do território nacional!