Em reportagem sobre São Tomé e Príncipe, um dos mais conceituados são-tomenses interrogava-se: – Seremos capazes de ser um país independente?
Este pequeno arquipélago, com menos de metade da área do Alto Minho, descoberto por portugueses e povoado por eles e por africanos, serviu de centro comercial e agrícola no Golfo da Guiné, durante cinco séculos de convivência de povos, quase sempre pacífica, que a nossa expansão ultramarina possibilitou.
Depois de 1974, a até então “província ultramarina portuguesa” foi confrontada com a autodeterminação e independência, reconhecida a um “movimento de libertação”, constituído apressadamente, próximo do MPLA e também marxista como este. E, sem apuramento da vontade popular, foi proclamada a independência e aquele movimento governou o arquipélago, em ditadura, até pouco depois da queda do “Muro de Berlim”.
Nacionalizados os meios de produção, a pobreza aumentou e, mesmo depois do regresso à economia de mercado e da instauração da democracia, persistiram as carências sentidas pela população.
Agora, todos os dias úteis, à porta da embaixada portuguesa em São Tomé, muitos jovens, mulheres e homens, aguardam vistos de entrada em Portugal, para trabalhar e também para estudar, alguns deles em Viana.
A nossa simpatia pela população destas ilhas atlânticas aumenta quando se sabe que, no seu folclore, sobrevivem autos renascentistas idênticos ao “Auto de Floripes” das Neves, nas terras do Neiva.
Sempre sustentei que São Tomé e Príncipe tinha todo o interesse em continuar a ser território português, com governo autónomo, como os Açores e a Madeira. E, até hoje, ninguém me convenceu de que essa não era a vontade da maioria dos são-tomenses, quando Portugal os abandonou!