Esquecidos os enfeites da quadra festiva e desmontado o presépio, façamos um balanço de ano 2022, o primeiro após pandemia.
O ano até começou menos sombrio que os anteriores, chegando mesmo a prometer uma primavera florida, suscetível de reduzir alguns dos desequilíbrios com que nos debatemos, apesar da persistência da anemia do tecido económico nacional e do advento da inflação.
Em fevereiro, a invasão da Ucrânia pela Rússia, ameaçando a Europa como espaço de liberdade, lançou-nos na guerra de que já estávamos esquecidos. A insensibilidade pelo sofrimento que grassa nos campos de batalha e pelas dificuldades por que os refugiados passam foi aumentando no decurso dos meses. O número de mortos, feridos e refugiados foi deixando de ser notícia. A destruição causada pelos frequentes bombardeamentos foi caindo no esquecimento e a paz na Ucrânia foi sendo cada vez mais uma miragem.
As autoridades monetárias, que começaram por tentar resistir à onda depressiva que vinha de anos anteriores, contendo os danos económicos e sociais dela decorrentes, acabaram por assumir a impossibilidade de evitar a tomada de medidas de austeridade. A inflação ameaçou passar de crepitante a galopante, as taxas de juro subiram como se previa, os salários e as pensões minguaram em poder de compra, a pobreza e a exclusão social aumentaram e a classe média foi obrigada a mais frugalidade.
Neste semanário, com muita tristeza, acompanhamos e, por vezes, antecipamos as consequências da conjuntura adversa que estruturas carentes de reforma tornaram ainda mais adversas para os portugueses.
Agravando a nossa situação económica e social, o governo despede-se de 2022 muito vulnerável, por diversos escândalos e demissões. Mesmo assim, preparados para a persistência da guerra e da crise, auguramos que o ano, que agora alvorece, seja melhor do que o que acabamos de balancear.