O cabaz alimentar básico… e a cebola

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Carlos Branco Morais

O cabaz de bens alimentares essenciais – pão e farinha, arroz e massas, leite e ovos, legumes e frutas, azeite e óleo, açúcar, peixe e carne – que, em 1 de janeiro do último ano, custava menos de 75€, custa, agora, cerca de 97€. Trata-se de um aumento de quase 30%, que penaliza todos os portugueses, especialmente os de mais parcos recursos.

Com tão grande aumento de preços em tão pouco tempo, os alimentos essenciais em Portugal já são mais caros do que em Espanha e quase tão caros na França, mas o esforço dos franceses para comprar comida é cerca de metade do dos portugueses.

O aumento do preço dos bens alimentares essenciais deve-se, principalmente, ao aumento da procura destes bens, por substituição de outros mais caros, em virtude da redução do poder de compra dos consumidores, e, do lado da oferta, ao aumento do custo dos fatores de produção, alguns deles importados, e, por vezes, à menor produção em resultado de condições climatéricas adversas.

Nestas situações, mesmo os defensores de mercado livre são a favor da intervenção do Estado para regular o seu funcionamento, contendo a subida do preço dos bens alimentares essenciais, quer pela via da política fiscal, reduzindo e até isentando de impostos indiretos estes bens e os fatores da sua produção, quer pela via da política social, distribuindo rendimento pelas classes mais desfavorecidas. 

Os governos de Espanha, França e outros países intervieram nos respetivos mercados e contiveram o aumento dos preços dos bens alimentares. O Governo português atrasou-se na tomada de decisões, hesitando entre medidas de controlo de preços e o lançamento de um pacote de apoio às famílias mais desfavorecidas. E, nos últimos dias, o preço da cebola ascendeu a símbolo de especulação na venda de bens alimentares essenciais. 

A cebola está a ser triturada… e será refogada, mas os efeitos das tardias medidas governamentais continuarão a fazer lacrimejar os portugueses, sobretudo os menos abastados!

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