Em programa televisivo de grande audiência, emitido em fins de abril, por ocasião da tradicional Romaria a cavalo a Nossa Senhora d’Aires, o presidente de Viana do Alentejo referiu-se à sua vila como “Viana do castelo”.
Os castelos são estruturas fortificadas construídas na Europa, no período medieval. Quando, a partir do século XV, a artilharia passou a ter poder de fogo, as muralhas deram lugar aos fortes e, sobretudo, às fortalezas.
A fundação daquela vila alentejana remonta a 1313, quando D. Dinis lhe deu Foral, nomeando-a de “Viana-de-a-par-de-Alvito”, para a distinguir de Viana, fundada 55 anos antes. E, na verdade, desde então, ergue-se nela um dos mais notáveis castelos de Portugal, classificado como monumento nacional, ainda desde a Monarquia!
A mais antiga das Vianas conhecidas é a de Navarra – sede do principado do mesmo nome, de que é titular a primogénita do rei de Espanha – e que, também, ainda mantém parte do seu castelo medieval. Todas as outras Vianas não têm castelos dignos deste nome!
Tenha sido por “lapsus linguae” ou não, o autarca de Viana do Alentejo tem toda a razão em referir-se à sua histórica vila como Viana do castelo. Na verdade, em Portugal, a única Viana que deveria ser designada do Castelo é a do Alentejo. Por isso, em 1992, o Presidente da República “brindou” o presidente da Câmara de Viana do Castelo com uma coleção de medalhas dos castelos portugueses… e, entre elas, a do castelo de Viana… do Alentejo!
Razão tinham os autarcas de 1848, quando, repudiando a ofensa feita aos vianenses minhotos com a alteração do nome do município, sem o seu consentimento, agradeceram a elevação da Vila de Viana a cidade, mas afrontaram o poder central real, continuando a designá-la de “Cidade de Viana”!
