O cheiro a Primavera

Picture of Filomena Freitas
Filomena Freitas

A pele porosa do silêncio, agora que a noite sangra nos pulsos, traz-me o teu rumor de chuva branca. A Primavera anda a treinar por aí, o cheiro violento no ar e o nó de sombra das palavras.

O silêncio torrencial e a reverência dos mastros, nos barcos da marina. Todas as coisas têm o seu mistério e, de todos os mistérios, um dos maiores é o da Poesia.

Agora são os dias, os meses, os anos, depois de todos terem partido! O tempo anda solto pelas ruas e pelos dias, descalço, chapinhando ao sol, como uma onda que rola na praia e desfalece no areal.

Oscilo como ramo vertical diante das brisas e das rajadas do meu fado. O silêncio é, agora, um mar sem ondas!

Como era quente e dourado o areal da nossa infância, bronzeando todo o meu corpo! Eu voltava para casa, para o fresco granítico do pátio, trazendo no rosto as faces camoesas, como duas maçãs maduras ao sol. Os perdedores deixam que a vida aconteça; os vencedores fazem que a vida aconteça!

Temos que aprender a plantar a nossa própria árvore, para não precisar ficar à sombra da árvore de ninguém.

Outras Opiniões

Os leitores são a força e a vida do nosso jornal Assine A Aurora do Lima

O contributo da A Aurora do Lima para a vida democrática e cívica da região reside na força da relação com os seus leitores.

Item adicionado ao carrinho.
0 itens - 0.00

Ainda não é assinante?

Ao tornar-se assinante está a fortalecer a imprensa regional, garantindo a sua
independência.