O Desporto em filme

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Alcino Pereira

Aproveitando o título concedido à nossa acolhedora e pacata terra de “Cidade Europeia do Desporto”, entendi introduzir nesta rubrica comentários a filmes de carácter desportivo, dado a nobreza e o ecletismo que essa atividade normalmente suscita, em conformidade com os objetivos enunciados pela efeméride “Dia Internacional do Desporto para o Desenvolvimento e a Paz”.   

Imbuído nesse espírito, recomendo alguns filmes onde prevalece essa perceção humanista, em sintonia com o natural estímulo competitivo e lúdico que o desporto confere e enaltece. Começando pelo icónico filme britânico “Momentos de Glória”, de 1981, que incide sobre a preparação de dois atletas, Liddell e Abrahams, talhados em provas de curta distância, para os jogos olímpicos de 1924. Além da rivalidade inerente a essa disputa, ambos demonstram um caráter que os distingue, pois enquanto um corre, munido por uma fé inabalável, o outro evidencia-se de forma persistente e obstinada. Porém, com a chegada da comitiva ao conceituado evento, um terceiro elemento cede o seu lugar a Liddell que, por questões religiosas, estava impedido de competir na sua prova habitual, dado esta realizar-se num domingo. Ora, essa atitude louvável gera, de forma instantânea, um ambiente harmonioso entre o grupo, fundamental para cada um superar os seus desafios individuais, em torno deste acontecimento.

Apesar do filme que elenco a seguir, “Invictius”, de 2009, não ser um filme direcionado para o fenómeno desportivo, mas sim de índole biográfico, relatando, designadamente, a consagração de Nelson Mandela, em 1994, como Presidente da Africa do Sul. Na verdade, Mandela, ao tomar posse, nota que a sua nação permanece envolta num quadro crispado e revanchista, originado pela segregação que oprimiu a maioria negra, não descortinando outra ideia senão apoiar convictamente a Seleção do seu país, anfitriã no mundial de Rugby, em 1995, com a esperança de que cada vitória traga, paulatinamente, a desejada pacificação do seu povo.   

Um enredo que, no meu ponto de vista, sufraga o desporto como uma ocupação saudável e útil, é o clássico Norte-Americano “Liga de Mulheres”, de 1992. Nesta história, várias mulheres decidem aderir aos meandros do basebol, afirmando-se como praticantes ao mais alto nível, por causa dos seus maridos, que se encontravam ausentes a lutar pelo seu país na segunda guerra mundial, mantendo-se, por sinal, focadas nesse entretenimento.

Outra opção pertinente, são os filmes que chamam a atenção para a temática dos direitos humanos, mais concretamente o racismo e a xenofobia, que lamentavelmente ainda grassa em vários recintos desportivos. A longa-metragem “42- A História de uma lenda”, de 2013, coaduna-se como um ótimo exemplo, descrevendo como o primeiro homem negro a participar na primeira liga de basebol, em 1946, ultrapassa várias provações com êxito, enfrentando humilhações de toda ordem.      

Por fim, com um detalhe que acho interessante, o filme “Um Sonho Possível, de 2009”. Prende-se com o facto de muitos jovens frustrados ou pouco dotados, devido à sua natureza heterogénea, se refugiarem no desporto, porventura procurando melhorar a sua autoestima. Neste enquadramento, Michael Oher carateriza-se por ser um individuo amorfo, completamente abandonado, até que é acudido com sucesso por Leigh Anne, mãe de um colega de escola, ao aperceber-se do seu jeito e compleição física para jogador de basquete ou futebol americano. 

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