“O Deus da carnificina”

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Alcino Pereira

Este filme, de 2011, inicia-se com uma zanga entre jovens, que culmina com uma agressão protagonizada por um miúdo de 11 anos chamado Zachary, atingindo violentamente com um estreito cabo de ferro o colega de turma Ethan. Com a vítima seriamente machucada, com o objetivo de recorrer ao seguro escolar, os pais dos educandos envolvidos na lamentável rixa, entendidos, elaboram uma declaração amigável, evitando qualquer tipo de celeuma.

Tendo esse encontro sucedido no apartamento dos pais de Ethan, estes, aprovados os detalhes do documento, de forma apaziguadora, mais patente no pai de Ethan, Michel, do que propriamente na inquieta esposa, Penépole, convidam os seus congéneres a lanchar. O diálogo entre os dois casais decorre de modo escorreito, mas constantemente interrompido pelos sucessivos telefonemas que Alan, o Pai de Zachary, recebe por razões da sua atividade empresarial. Contudo, uma inesperada má disposição da esposa, Nancy, originada pela torta que acabou de digerir, intempestivamente, faz esta vomitar para cima das preciosas obras literárias de Penélope, causando embaraço em todos intervenientes.

A partir daí, o entendimento ente os dois casais, que decorria amistoso, ensombra-se, com Nancy a murmurar para o incrédulo Alan que foram envenenados e, do lado oposto, Penélope a zurzir melindrada aos ouvidos de Michael que foi um erro ter recebido com cortesias aquele estavanado casal, responsabilizando o marido pelo convite. Apesar da cena não observar prejuízos de maior, Penélope, alterada e irritada, replica que o filho deles, Zachary, é um rapaz perigoso e perturbado, que com a sua atitude deixou Ethan com a boca desfigurada, acordando esta de madrugada todas as noites, para lhe administrar o respetivo antibiótico. Nancy e Alan, rebatem de modo ostensivo, que Ethan proferiu impropérios e ofendeu Zachary e este não teve outra alternativa senão defender a sua honra, isto enquanto Michael, para evitar um mal maior, se tornava apaziguador na discussão acesa entre a sua impertinente mulher e o indignado casal.

Este estado crispado atinge o cúmulo do absurdo e da ausência de qualquer discernimento, quando Nancy já nitidamente agastada, ao ouvir o telemóvel do seu marido, a tocar vezes sem conta, antes que ele pegue no dispositivo, mais lesta, lança o mesmo para dentro de um jarro de água, gerando desespero em Alan, para gáudio momentâneo de Penélope, e com Michael, o único equilibrado daquele cotejo, a ir acudir Alan, evitando danos ao equipamento.

Com o dia irremediavelmente estragado para ambos os casais, chega-se à evidente conclusão de que o comportamento insurreto que as crianças por vezes demonstram, em grande parte dos casos, está relacionado com o ambiente desconforme que se fomenta no seio familiar.

 

 

 

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