O direito à Felicidade

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O que parece fazer uma enorme diferença, é o facto de, para uns, ser um direito inalienável, para outros, um dever de existência e, para uns tantos, um acontecimento fortuito.

Vivemos num tempo em que se defende o direito à felicidade. De tanto se repetir, muitos, mais do que acreditar, acabam a considerar que esse é o grande objetivo existencial. Os pais dizem sempre que só querem que os filhos sejam felizes.

A crença na felicidade é tão individual quanto a personalidade de cada um. Para uns é um processo de aperfeiçoamento constante, para outros é o atingir de objetivos claros que sabem enunciar. Para uns refere-se a sensações, sentimentos e estados de espírito. Para outros diz respeito a conquistas e aquisições que moldam formas de vida.

Há quem acredite que é no amor, na pujança da relação amorosa ou de uma paixão, que se encontra a chave da felicidade, enquanto para outros o que conta é o conforto, um ameno bem-estar que inunda os dias e ajuda a significar o que se faz e como se faz.

Há os que vivem um dia de cada vez, sentindo prazer quando ele acontece, umas vezes de forma inesperada, outras de forma ativamente procurada. Outros vivem mergulhados num sentimento de medo e de iminência de perda. A perda do que têm, mas, sobretudo, do que são, como se a possibilidade de loucura ou morte espreitasse a cada esquina e fosse uma ameaça de consistência física a que não se consegue escapar no fim, e que obriga a uma permanente correria sempre em fuga.

Há também os que convivem diariamente com um sentimento de falta, uma sensação de insatisfação, inquietação, que nem os amores nem os objetos, nem os projetos conseguem atenuar.

Todos, de vez em quando, experimentam uma sensação de felicidade. O que faz uma enorme diferença é o facto de para uns ser um direito inalienável, para outros um dever de existência ou um acontecimento fortuito culpabilizante e com eventual lastro de azar.

Filomena Freitas

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