O género “Paródia”

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Alcino Pereira

definem-se por argumentos satirizantes, que se baseiam em obras cinematográficas originais, de âmbito conceituado, com o objetivo de transmitir uma variante comediante e entretida, através dos aspetos nucleares dos enredos no qual se revêm. 

Não sendo propriamente direcionado para todos os gostos, a verdade é que esses filmes designados de Paródias troçam de modo castiço sobre o conteúdo dessas obras famosas, trazendo essas parecenças destorcidas à tona, cativando por sinal um público conhecedor de cinema que, apercebendo-se dessa nítida correlação, diverte-se deleitosamente.  

Contudo, convém frisar que o estilo Paródia não se debruça somente sobre filmes específicos, mas também realça num formato jocoso, um género de cinema estereotipado, usando para esse fim aqueles clichés mais eloquentes, normalmente conotados com os filmes de ação, na qual constam histórias de guerra, policiais e até aventuras, além das narrativas de cariz romântico e sentimental.

Nesse propósito engraçado e comediante, na qual a paródia se destaca, indico alguns exemplos que espelham essa idiossincrasia ridiculizadora. 

O primeiro filme que chamo à liça intitula-se “A Vida de Brian”, de 1979, produzido pelo grupo britânico Monty Pythons, que, de forma mordaz e com enorme sentido de humor, criou um argumento que zomba claramente com os filmes sobre o Império Romano e a vida de Jesus Cristo, que justamente estavam em voga, nas décadas de 60 e 70.

No segundo caso, apresento o hilariante filme “Areoplano”, de 1980, assente em narrativas trágicas, que preconizam eventuais acidentes de avião, na qual os passageiros e tripulação passam por momentos de angústia e tensão. Nesse prisma, o roteiro identifica-se, em termos de substância, com os filmes Zero Hour (1957) e o Aeroporto de 1975, para desvirtuar descomedidamente essa emoção desesperada, criticando, de modo estrepitoso e galhofado, a utilização massiva de filmes tipo catástrofe. Talhados para essa vertente, a equipe que brotou “Areoplano”, envereda por outra obra de sucesso, denominado “Ases pelos Ares”, dando origem a dois filmes, entre 1991 e 1993, sublinhando a sua matriz chistosa, inicialmente, em torno do filme Top Gun de 1986, e de seguida, em 1993, valendo-se da saga dos filmes do herói de guerra “Rambo”.   

Noutro paralelo, recomendo duas séries de filmes que gozam declaradamente com as narrativas policiais, especialmente aqueles que demonstram as façanhas de conceituados detetives. Posto isto, essa perspetiva parodiante atinge o clímax mais efusivo do riso espontâneo, com a prossecução das várias longas-metragens do “Pantera Cor de Rosa”, que se pontificou nos anos 70, e de “Onde para a polícia”, que se notabilizou na década de 1980. Nesse âmbito, é fundamental o perfil das personagens principais de cada filme, ambos com semelhanças em comum, pois tanto o Inspetor Clouseau e o Detetive Frank Debrin comportam-se como dois cabotinos, envolvendo-se em inúmeras trapalhadas, cometendo dislates de toda a ordem e feitio, até que subitamente deslindam o enigma criminal.   

Por último, numa lógica subtil, cito as paródias com estilos quase idênticos, mencionando o filme espanhol “Superlopez”, de 2018, que, de maneira refinada, imita os filmes do Super-homem e, em simultâneo, a produção francesa “Mistério de Saint-Tropez” ,de 2021, similar, em quase todas as características, aos preceitos humorísticos do seriado “Pantera Cor de Rosa”.            

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