Ao longo da I Guerra Mundial (1914 – 1918) os cães desempenharam tarefas fundamentais no teatro de operações. No despoletar do flagelo o recurso a esses animais pautou-se sobretudo pelas tarefas de mensageiros – recorrendo a colares que lhes envolviam os pescoços e que, no interior, continham as missivas. Em muitos casos, esses animais muitíssimo disciplinados, eram capazes de transpor barreiras de arame farpado, bem como escalar paredes de até seis metros de altura. Ao passo que os cavalos foram utilizados para movimentar artilharia mais pesada, também os cães transportaram pequenos carros que lhes atrelavam, fazendo deslocar artilharia mais ligeira. Os alemães muniam-se de máscaras, bem como aos seus cães, uma vez que foram os primeiros a utilizar armas químicas. Nas trincheiras, apesar de serem dotados de hipersensibilidade auditiva, não deixaram de ser expostos a tremendos ruídos. Ao longo do conflito armado, sobretudo cães da raça terrier, desempenharam um papel fundamental na caça aos ratos, uma vez que estes representavam uma terrível ameaça para a saúde dos soldados, contribuindo para a proliferação de doenças, particularmente, dentro das trincheiras. A fidelidade sem limites desses animais aos seus “donos” é de tal ordem que, para além de servirem também como companhia aos soldados, davam a vida por eles. Muitos desses cães, como os da Cruz Vermelha, eram munidos de primeiros socorros que transportavam no dorso, para auxiliarem soldados feridos em combate, para além de que, em muitas situações, foram fundamentais para descobrir soldados que tinham perecido em terra de ninguém. A terminar, ao cão que com a minha família vive – o Rodolfo – presto uma sentida e profunda homenagem de amor, na esperança de que os animais de duas patas que, muitas vezes, adotam cães, não sejam os monstros que amanhã os vão abandonar.
(*) Licenciado em História
pela Universidade do Minho