O Novo Museu do Traje

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Ricardo Simões

Sito no edifício do antigo Banco de Portugal, o Museu do Traje de Viana do Castelo goza de uma localização de ouro liderando, a poente, o edificado da já de si dourada Praça da República.

A elegante frontaria remete para uma entrada de palácio ou castelo, na fronte da qual confluem as ruas da Picota e Manuel Espregueira, envolvendo e definindo a construção de três pisos.

Polifacetado, o Museu do Traje conta com um nicho expositivo dedicado ao fabrico da filigrana portuguesa, com destaque para as contas de Viana, núcleo que beneficiou de empenhada contribuição do saudoso Dr. Manuel Freitas: todo o processo de ourivesaria ali pode ser apercebido, assim como exemplares de magníficas peças associadas ao Traje à Vianesa, tais como arrecadadas, brincos à rainha, colares de contas e custódias, que podem ser admiradas no antigo cofre forte.

No piso 1, a recentemente nomeada Galeria Amadeu Costa, que alberga a passagem através do ciclo do linho, que o etnógrafo maior de Viana do Castelo sistematizou aquando da sua porfia pela feitura de um museu dedicado ao folclore vianense. E, à imagem deste, como que sorrateiramente, ali numa algibeira do segundo piso, passagem obrigatória para o tesouro de objetos pessoais e peças de coleção de Amadeu Costa: canetas de aparo, relógios de bolso, Louça de Viana (com peças únicas, da sua autoria, assim como de António Pedro); um magnífico retrato pintado por Salvador Vieira.

E no piso 0, sobre o pavimento de mármore axadrezado, uma revolucionária exposição permanente sobre o Traje à Vianesa: envolvente, dinâmica e clara, apresentando um novo discurso expositivo que consegue a proeza meritíssima de tornar simples a rica e complexa diversidade de cores e motivos dos diferentes trajes, associando-os com eficácia aos respetivos concelhos e tornando-a igualmente inteligível para vianenses como para estrangeiros. Finalmente, notas para uma estilização de um tear que se projeta desde o piso 0 até ao piso 1, unindo-os e conferindo espetacularidade ao conjunto, no qual os recursos gráficos e luminosos, todos bilingues, proporcionam ao visitante uma experiência digna de um museu europeu, que é.

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