O que vós quereis sabemos nós

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As opiniões que vamos dando e a forma como o fazemos, ou até os silêncios, acabam por dizer sempre muito do que somos e do que queremos. O que tem sido dito sobre Otelo Saraiva de Carvalho nos últimos dias evidencia como uma parte dos portugueses olha para a história e como desvaloriza o momento libertador de 1974. Nada de novo!

É muito obvio o alcance procurado por muitos daqueles que neste momento criticam acirradamente o principal responsável pelo plano e pelo comando das operações que acabou com a mais longa ditadura da Europa com uma enorme preocupação para evitar mortes, mesmo dos que faziam da tortura e do assassinato uma prática institucionalizada. O modo como foi planeada e concretizada a estratégia para o derrube da ditadura, entre muitas outras, teve esta peculiaridade.

Ramalho Eanes foi o homem do 25 de Novembro. Com toda a carga histórica que isso tem. Não cabe neste breve comentário dar conta do muito que separava Otelo de Eanes naquele tempo. É sintomático virem dele as palavras mais inequívocas sobre o reconhecimento devido a Otelo: “A ele [Otelo] a pátria deve a liberdade e a democracia. E esta é dívida que nada, nem ninguém, tem o direito de recusar.”

A muitos dos comentadores que se vão ouvindo e lendo nestes dias dá vontade de lhes dizer “O que vós quereis sabemos nós!” Mas talvez nem valha a pena fazer mais do que enxotar. Não é boa ideia discutir com abutres.

Quanto à ausência de homenagens de estado adequadas também fala por si. Os que nunca digeriram bem o 25 de Abril têm no estado gente boa para atenuar a sua dispepsia.

Carlos da Torre

 

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