A abstenção é uma espinha da democracia. Mais uma vez andou próxima dos 50 por cento. Um mau sinal. Sobretudo porque se trata das eleições para o Poder local. O poder mais próximo dos cidadãos. Também por isso é expectável que desperte um maior interesse dos eleitores. É a eleição que escolhe quem vai tratar dos problemas e anseios mais próximos dos cidadãos. Aqueles que vão cuidar de que os buracos da ‘sua’ rua sejam tratados.
O descrédito na democracia é generalizado. Não é, sequer, uma preocupação apenas nacional.
No Poder local acrescenta-se uma outra nova dificuldade. Muitos são os que recusam ser Poder. É cada vez mais difícil convencer bons cidadãos a ir a votos. A forma como os políticos são vistos afasta muitos.
Um aplauso para aqueles bons cidadãos que se submetem a sufrágio e que passam a ser considerados ‘políticos’.
“Só querem tacho!” Uma considerável parte dos eleitores tem a tendência de pensar assim. Não valorizam o sacrifício pessoal daqueles que vão eleger.
Os cidadãos eleitores têm uma palavra importante para convencer os melhores a gerir os interesses coletivos. Não são apenas os políticos os responsáveis pelo descrédito na política. Os eleitores têm o dever de alterar a ideia que tem. Metem todos no mesmo saco. Não está certo. Afasta bons cidadãos do nobre exercício de servir. Alguns servem-se. Certo. Mas, não são todos iguais. Esses são uma minoria. A capacidade dos eleitores de assumirem isto beneficiará a democracia. Em primeiro plano, beneficiará os próprios cidadãos.
É preciso evoluir para este sentimento de respeito e admiração por aqueles que se dispõem a sacrificar as suas vidas pessoais e profissionais para servirem na nobre missão de exercer cargos políticos.
EDUARDO COSTA, Jornalista, presidente da Associação Nacional da Imprensa Regional