Obrigados a elogiar o “antigamente”

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“Antigamente, sempre no mesmo dia do ano começavam as aulas. Hoje não há ano que comecem no dia marcado”. O comentário infelizmente era apropriado. A colocação de professores deixa uma quantidade preocupante de alunos sem aulas no início do ano letivo. “Após o 25 de abril nunca mais funcionou!” De facto, fica difícil aceitar que meio século depois de uma revolução não haja capacidade para organizar o novo ano letivo. Habituamo-nos a esta lamentável realidade. E parece até que é natural. Mas não, está longe de ser! Como também parece estar longe uma solução. O tempo presente devia ser muito melhor que esse passado de má memória. 

Também preocupante é o péssimo exemplo que temos dado há décadas a crianças e jovens. Os pais de hoje percebem o quanto isso prejudicou a sua formação enquanto cidadãos, e veem que os seus filhos vão ter exactamente o mesmo problema. Porque não há esperança de luz ao fundo deste túnel. A escola não dá um bom exemplo. Será na dura realidade da vida que as crianças e jovens tem que corrigir o mau exemplo que a escola lhes dá. Não se entende que o serviço público de educação não garanta um rigoroso funcionamento da escola. E não é por falta de dinheiro. Pode parecer um cliché, mas nas escolas privadas isto não acontece. 

Será que o nosso estado não consegue atrair os melhores gestores? Ou será que o problema não está na qualidade dos gestores, mas no facto do patrão ser o estado? 

Temos que ter a capacidade de não haver cidadãos com saudades do “antigamente”. 

Eduardo Costa – Jornalista, presidente da Associação 

Nacional da Imprensa Regional

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