Olhem bem para o passado…

Gonçalo Fagundes Meira
Gonçalo Fagundes Meira

A sociedade portuguesa continua a viver um período de desassossego, que dificulta o trabalho produtivo e a resolução dos – ainda muitos – problemas do país. Em cada dia que passa há um novo caso, uma nova trapalhada, acusações mais e menos graves, gente ferida no brio, e tantas outras coisas, que pouco ou nada contribuem para valorizar a Democracia e promover o nosso desenvolvimento, fazendo frente ao aumento da despesa pública e melhorando o nível de vida das pessoas, em especial das mais carenciadas.

Acusam uns e defendem-se outros de má e boa governação, de incapacidade e o seu contrário, de falta de rigor e de rigor absoluto, de balbúrdias e boa gestão, e por aí fora. Porém, o que se constata é que todos têm memória curta e não estão nada apostados em observar um pouco do passado, ainda bem presente.

O maior feito dos partidos do poder, que não é de todo despiciendo, tem sido, desde 1974, defender os valores da Democracia, da aceitação da vontade popular, do respeito pelos órgãos de soberania e dos direitos fundamentais dos cidadãos. Frise-se estes aspetos porque o que prevalece, em grande parte do mundo, são a falta de liberdade e as democracias de fachada. Mas isto só não basta, já que o povo tem dificuldades em compreender uma Democracia que é das mais avançadas do universo, mas que se mostra incapaz de satisfazer as suas necessidades básicas.

E aqui falhou-se o suficiente para que prevaleça a insatisfação das populações, tanto mais que fomos bastante ajudados pela Europa em que nos inserimos. Aderimos à União Europeia em 12 de junho de 1985. Começamos, então, a receber fundos com o objetivo de nos desenvolvermos e nos igualarmos ao nível de vida dos nossos parceiros. Até à presente data, segundo o “Jornal de Negócios”, Portugal já recebeu mais de 150 mil milhões de euros. Se deduzirmos a este valor cerca de 50 mil milhões, que foi a nossa contribuição para o orçamento comunitário, ainda ficamos com um apoio líquido de cerca de 100 mil milhões de euros. Contas feitas, só podemos concluir que já dispusemos de dinheiro suficiente para estarmos bem mais avançados do que estamos.

Aqui chegados, é espantoso como os partidos da governação, que passam a vida a acusar-se mutuamente das piores desgraças, não sabem observar o tempo por eles perdido e constatar que só lhes resta respeitarem-se e entenderem-se para corrigir tudo o que foi mal feito e avançarem para uma política nova, que recupere o passado e conquiste o futuro. Alguém, pelo menos, deveria corar de vergonha ao constatar o quanto se foi incapaz de construir um Portugal melhor.

                         GFM

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