Estamos já a caminhar no primeiro trimestre de 2022! O tempo, guião do destino da humanidade, parece fugir ao nosso controlo no actual milénio. Nesta conjugação temporal, todo o país, ainda recentemente, participou nas eleições autárquicas, a fim de tentar imprimir um novo impulso de criatividade e ar fresco às municipalidades e freguesias, ou conconfirmar a continuidade dos seus líderes. Agora, decorreram as eleições legislativas. O povo votante entendeu dar uma maioria clara a um só partido. Estas eleições mostraram um conjunto de variadas leituras positivas, por um lado, negativas por outro, mas isso foi trabalho que ficou a cargo dos meios de comunicação de massas.
Nos dias de hoje, o desenvolvimento económico não apenas deixou de ser uma questão de gasto público, pelo contrário, passou a depender dos governos e das autarquias locais obedecerem a determinados princípios criteriosos, na ausência dos quais a sua actuação é basicamente negativa. O crescimento do país e das empresas, aliado à felicidade das pessoas dependerá, fundamentalmente, de se encontrarem justos e adequados parâmetros de activação na identidade nacional e regional, sempre a girar à volta das populações. A auto-suficiência é uma proposição em ruína e ultrapassada. Nenhuma pessoa, nação ou fábrica é uma ilha num mundo trespassado de variadas convulsões sociais. Cumpre ao Governo e às municipalidades corrigirem injustiças, mas devem evitar, claramente, de eleger favoritos e campeões portadores de um só cartão de associado. Deverão promover a mesocracia, fomentando, também, o ensinamento sem dar benesses de forma arbitrária, como ainda acontece em certas áreas estratégicas com fortes problemas de socialização, ou por classes com elevado poder reivindicativo, estas nas proximidades da força reinante.
Tudo isto a surgir na continuidade do novo milénio que na casa portuguesa está a andar, embora carregado de intrigas, corrupção, lutas pessoais pelo poder, ao verificarem, certos políticos, que os seus potenciais reinados estão em acentuada decadência. Concomitantemente, acentua-se a degradação no aparelho do Estado, dos municípios e das freguesias com a falta de qualidade e conhecimentos de alguns agentes das diversas categorias de funcionários que fazem parte dos quadros desses órgãos do poder. A reciclagem, as reuniões de aperfeiçoamento profissional e outros encontros de classe, que confrontavam situações, unificavam a área do saber na metodologia do trabalho entre grupos que serviam o sistema, parece que abriram rotura. Nota-se na deficiência como somos atendidos em inúmeras repartições públicas, conjugado com a manifesta falta de sensatez e postura ao articularem a conversação com o povo pagador, criando, por vezes, conflitos. Aliado a tudo isto, as nomeações para os lugares de chefia ficaram, quase na totalidade, arredados de concursos. Gravitam na esfera da administração por quem são designados e nomeados, a fim de melhor se adaptarem às suas clientelas, perdendo qualidade, independência e criando, em paralelo, instabilidade com as mudanças que possam aparecer no seguimento dos actos eleitorais.
Atento a todo o movimento que tem vindo a ser realizado no presente milénio, através do carrossel do viver, posso afirmar que já começo a sentir-me distante deste estado atmosférico. Sou de um grupo que andou num caminho independente e literal, sem querer saborear, na tentação do poder, nesses momentos de apogeu, a carne ou o peixe, bem regados por bebidas de marca nos panorâmicos restaurantes do enredo de bastidores.
Nota: – Esta crónica, por vontade do autor, no segue a regra do novo acordo ortográfico.