“OS CRIANÇAS” – memórias do passado!

Leandro Matos
Leandro Matos

O nome “Criança,” advêm do meu avô materno a quem todos chamavam o João Criança. Possuía carros de cavalos para levar as mulheres da aldeia para as feiras e fazia outros transportes segundo as necessidades desse tempo.

A minha progenitora era descendente de uma família tradicional, católica, muito conhecida no meio – os “Quintas Neves”. Era filha de João Afonso Branco e Maria Josefina Quintas Neves. Ficou órfã de pai e mãe no começo da adolescência, acabando por viver até à maioridade com dois tios: o cónego Alípio Quintas Neves, professor do seminário de Nossa Senhora da Conceição, em Braga, e ainda o irmão António, solteiro, conhecido também pelo mestre Manel, alcunha que herdara de seu pai. Havia ainda outros tios, casados a viver maritalmente noutros lugares: o Leandro Quintas Neves, -escritor, etnógrafo e arqueólogo autodidata, as irmãs Engrácia e Ludovina, ambas domésticas.

Nessa época, quase ninguém ia à escola primária e, minha mãe, frequentou uma particular que existia nas Neves, por muito pouco tempo, sabendo apenas escrever o seu nome com muita dificuldade.

Casou aos 18 anos, sofrendo alguns dissabores por ter de deixar os tios na casa onde nasceu, que, por herança de seus pais, lhe pertencia. Para eles, era a saída de uma “empregada” que cozinhava e tratava das lides caseiras e deles próprios.

Mais tarde, com os meus pais ainda vivos, fomos todos viver para aquela casa que ainda hoje pertence à família. Situa-se na parte nascente da Capela de Nossa Senhora das Neves e a separá-la existe uma estrada alcatroada que dá acesso à igreja de Mujães. Entretanto, já tudo foi modificado em relação à originalidade.

Noutros tempos, terra batida, relembro, ainda jovem, uma vinha que cobria por completo aquela passagem. Memórias do passado que não volta.

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