Os dramas da Terceira Idade

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Gonçalo Fagundes Meira

Recentemente, alguém escreveu que “sorte tem quem morre novo”. Trata-se de uma afirmação excessiva, mas que tenta ilustrar o drama de quem chega a velho e não tem condições para ter qualidade de vida mínima. A velhice é mesmo um problema sério, para o qual não se vislumbram as melhores soluções. Com as famílias preocupadas com os filhos e ocupadas na sua atividade profissional, em boa parte dos casos mal remuneradas, para os idosos pouco mais resta que a sua integração nos lares, que até pode ser uma solução satisfatória, desde que estes reúnam condições minimamente qualificadas; situação que parece longe de estar a acontecer, tantos são os casos de insuficiências de vária ordem e, até, maus tratos de quem os habita. 

Segundo Marques Mendes, no seu habitual espaço de opinião de domingo, “nos últimos três anos, por falta de condições, foram encerradas 320 residências de acolhimento de idosos em todo o país, resultado das inspeções que foram feitas a 2000”, quase 80% das existentes. Segundo a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, Portugal conta com 2587 lares. Contas feitas, por muita tolerância que possa haver nas ações inspetivas, concluiu-se que 16% dos visitados não reuniam condições mínimas de funcionamento e, por isso, foram encerrados. Estamos assim perante um quadro a que nenhum cidadão pode ficar indiferente, até porque em boa parte das famílias há gente de idade avançada para acompanhar, muita dela pouco disposta a abandonar o espaço onde sempre viveu. 

Não é um problema de fácil solução, tanto mais que ele tende a agravar-se, dado o crescimento do índice de longevidade e o aumento do número de pessoas a necessitar de acompanhamento. Depois, as dificuldades económicas do país, que se refletem na vida da esmagadora maioria das pessoas, mais agravam o problema. Há dias, alguém ligado ao funcionamento de lares dizia que só quem não pensa duas vezes se mete neste negócio, já que são muitos os custos e poucos os proveitos. Não sabemos se assim será em muitos ou poucos casos, mas percebemos todos que a desumanidade em relação a gente de idade avançada não pode estabelecer-se como rotina. A elevação moral de um povo também se mede muito pela forma como ele trata aqueles que se tornaram frágeis e dependentes. Governo e cidadãos, pelas responsabilidades que lhes cabem, nesta matéria, estão obrigados a fazerem o seu melhor.

                  GFM

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