Os ENVC de novo

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Bernardo Barbosa

Pelas piores razões, os Estaleiros Navais estão novamente na ordem do dia. O gestor nomeado para proceder à extinção da Empordef (holding onde se enquadravam os ENVC) denunciou, perante a comissão parlamentar da Defesa Nacional, a adulteração das contas desta unidade vianense no ano de 2013, duplicando-se-lhe praticamente os prejuízos (de 424 milhões de euros para 751 milhões) para mais facilmente proceder-se à sua privatização (Pg.3).

Do assunto falou a comunicação social em geral, mas para os poderes, tudo indica, a denúncia cairia no esquecimento. Independentemente de, ao que consta, os ventos soprarem de feição nos ENVC (é muito cedo para análises conclusivas), é muito grave saber-se que as contas de uma empresa que era a jóia de Viana fossem falsificadas para que melhor caminho se abrisse para a sua privatização. Trapalhadas e coisas pouco sérias já havia que chegassem!… Lembramos os 13 milhões recebidos para a construção dos dois navios asfalteiros da Venezuela de Chavez, cujo aço chegara a ser comprado, mais tarde leiloado, e nada mais se soube…!

Era evidente que algo teria que ser feito, tanto mais que a crise na Indústria Naval, especialmente na Europa, vem de longe. Já na década de 1960, de forma bem programada, vários países europeus procediam à reorganização dos seus estaleiros navais, salvaguardando o fundamental para as necessidades de cada país. Acontece que em Portugal até a única empresa que preenchia estes requisitos, que eram os ENVC, foi abatida, ficando agora a laborar para um nicho de mercado circunscrito. Infelizmente, estamos longe de ser os bons alunos da Europa. Pelos vistos, a fazer e a sonegar trapalhadas é que ninguém nos bate.

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