OS NEGACIONISTAS

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A. Lobo de Carvalho

O termo negacionista, poucas vezes utilizado no passado, entrou em uso acelerado, na actual conjuntura pandémica, para aplicar àqueles que negam a utilidade e o valor da vacina contra a COVIDE 19, mantendo-se no presente como um vocábulo extremamente utilizado nas conversas sociais e no audiovisual, quer no nosso país, quer no estrangeiro.

Ser negacionista pode ser um direito, como os seus defensores proclamam, mas que entra em choque frontal com o bem maior, que é a saúde pública, cuja protecção é da esfera exclusiva das autoridades nacionais, que têm por obrigação defendê-la e preservá-la. Está demonstrado que a vacinação em massa da população apresenta resultados extremamente positivos, com a diminuição drástica, quer de infectados, quer de mortos. Negar ou duvidar desta realidade é, para além de grave cegueira, um comportamento estúpido e inapropriado.

Quando a vontade de se afirmarem é tão intensa e se transforma em desordem e em insultos, não se respeitando nada nem ninguém, os negacionistas perdem toda a razão que lhes possa assistir, porque as discórdias resolvem-se em diálogo civilizado ou, simplesmente, não se vacinam, mas devendo responder pelas consequências daí resultantes.

Por mais que berrem nas ruas, por mais que insultem as autoridades do país, por mais ajuntamentos às portas dos ministérios e tribunais, por mais bandos de agitadores que andem aos molhos pelo país, os negacionistas não sairão vencedores, porque cerca de 90% da população portuguesa desprezou-os, vacinando-se e protegendo a saúde própria e dos seus semelhantes. A liberdade é um bem inestimável que se conquistou e, como tal, deve ser usufruída numa dimensão civilizada.

A linguagem utilizada para denegrir as autoridades tem sido extremamente violenta e repleta de ódio, ofendendo todos quantos se dedicaram e dedicam a salvar vidas e, por extensão, a todos os cidadãos vacinados. Pese embora a distância histórica, estas manifestações de ódio fazem lembrar um pouco o espírito nazista, pelo que tais bandos, alegadamente liderados por figurões com tiques hitlerianos, devem ser passíveis de procedimento legal, sob pena de vivermos numa república de eunucos.

A liberdade dos negacionistas termina quando colide com a liberdade dos outros cidadãos e ninguém é obrigado a ouvir insultos durante o seu trabalho, nas horas de descanso ou em qualquer outra circunstância, como aconteceu com os senhores Presidente da Assembleia da República, Dr. Ferro Rodrigues, e o Coordenador do Programa de Vacinação, Vice-Almirante Gouveia e Melo. Aquela escumalha não pode continuar a insultar tudo e todos, e ao governo da República compete-lhe tomar medidas legais que ponham fim à repetição de tal situação.

É normal e saudável que cada um lute pelas suas ideias, boas ou más, mas dentro do civismo, o que uns negacionistas não têm feito, julgando certamente que é pela força de graves insultos que vão impor o seu pensamento, não podendo, por tal motivo, merecer aceitação social, mas antes total repúdio.

Ao figurão que com a sua verborreia envergonha a Justiça e os portugueses, diria que tem todo o ar de um narcisista compulsivo e de um fanfarrão, que não apresenta o perfil adequado à função da qual está suspenso e que, sendo arrogante como é, faça uso dessa mesma arrogância para se declarar incapaz, solicitando a demissão do seu cargo. É que não só perdeu o respeito dos seus pares e a confiança dos cidadãos, como prejudicou gravemente a percepção da Justiça, e os portugueses não o desejarão para dirimir conflitos de qualquer natureza.

Este é um dos tais casos em que deveria ter sido submetido ao crivo rigorosos de testes psicotécnicos, como se faz em algumas instituições, mas não o terá sido, ou, se o foi, os testes foram desadequados. Doutra forma, teriam detectado incapacidades para o exercício da importante função em que foi admitido.

Para concluir resta-me felicitar todos quantos contribuíram para a vacinação dos cidadãos e   os que optaram, livre e conscientemente, por serem vacinados, mostrando um grande sentido de cidadania, elevado espírito de solidariedade e portuguesismo. Assim, estamos mais bem preparados e ser-nos-á mais fácil enfrentar novas ameaças à saúde pública.

Uma palavra final para o Sr. Vice-Almirante Gouveia e Melo, Coordenador do Programa de Vacinação, pela sua dedicação total à missão de que foi incumbido e que cumpriu em plenitude, e ainda pelo seu autocontrole perante os bandos de agitadores e desordeiros que tudo fizeram para o desacreditar, recorrendo ao insulto. Eis o exemplo de um verdadeiro militar que soube levar “a carta a Garcia”, enquanto matilhas ladravam e o tentavam morder. Passou incólume e é o verdeiro exemplo de um militar de alta craveira que merece todo o nosso respeito e gratidão.

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