Numa altura em que as obras municipais se intensificam, seja pela urgência das mesmas seja pela proximidade das eleições – época verdadeiramente almejada pela comunidade para ver concretizados investimentos sempre adiados – não deixa de causar surpresa e estupefação, descortinar realizações que ferem o senso comum e parecem violar normas e regulamentos.
A melhoria de acessibilidades, o alargamento de arruamentos estrangulados, a reconfiguração de ruas e avenidas que se tornaram movimentadas, serão sempre bem-vindas e necessárias, ainda que causem perturbação e alterações quotidianos aos beneficiários nas suas rotinas.
A rua dos Sobreiros, ligando a partir de uma rotunda, junto à E.S. Enfermagem e depósito de águas dos SMSBVC, a Quinta do Rainha, verdadeira avenida do interior de Areosa, no sopé da encosta de Santa Luzia, está em obras.
Necessárias e urgentes, pelo atrofiamento que a via enferma desde a nascença, por um muro antigo e estrangulador, na saída da rotunda para norte.
Adjudicada a empreitada e iniciadas as obras a 01 de março, torna-se, porém, incompreensível a extensão no tempo das mesmas, previstas até 01 de junho! Três meses para demolir e reconstruir um muro, e repavimentar um piso numa extensão que se aproximará dos 100 metros, é manifestamente exagerado e exasperante!
É que as obras obrigam os utentes diários da via, a um longo e pouco seguro percurso alternativo, por irregulares e também estreitos arruamentos da Povoença, uma área habitacional densa, tradicionalmente bastante esquecida das benfeitorias municipais.
Porém, estranhamente, cerca de 500 metros à frente, do mesmo lado, num passeio pedonal que é CAMINHO DE SANTIAGO, mesmo em frente aos logradouros da Quinta do Paula Ferreira, decorrem as obras de uma moderna moradia, em crescente desenvolvimento.
Tudo normal e benéfico para a freguesia, não se constatasse que parte do passeio existente, que segue a dita R. dos Sobreiros, está já ocupado por paredes, pilares e até escadas do referido prédio!
Como assim?! Então de um lado alarga-se e de outro estrangula-se?
Bem sabemos que o alargamento do muro beneficia o arruamento e a edificação da moradia estrangula o passeio pedonal! Coisas diferentes, mas que se contradizem e se anulam nesta ambiguidade de zelar pelo interesse público.
A edificação respeita as distâncias e acautela o passeio existente? Não obriga a bainha de estacionamento nem a nenhuma cedência ao domínio público, como terá ocorrido com o prédio edificado, há anos, um pouco mais à frente a norte, também do mesmo lado nascente do arruamento?
Mudaram os critérios e as obrigações?
A obra tem merecido o acompanhamento da fiscalização municipal? O Serviço de Obras e Urbanismo da CMVC licenciou com rigor, isenção e independência a moradia, respeitando o RGEU?
Ou estaremos perante um caso de grosseira negligência municipal e de abuso de confiança da entidade edificante?
Estará a CMVC expectante da reação dos moradores próximos para diligenciar o cumprimento das regras construtivas?
Será preciso um levantamento popular na defesa do interesse geral dos peões e em especial dos CAMINHEIROS DE SANTIAGO, que tão frequente e assiduamente calcorreiam este passeio, devidamente assinalado, integrado e divulgado no CAMINHO PORTUGUÊS DA COSTA?
Haja decoro e moralidade!
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