Passeando pelo burgo…

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A arquitetura urbana e paisagística importa? É uma pergunta retórica, pois é evidente que sim… Este meu apontamento tem a ver com a permissão com que foi pintado um dos blocos, integrante de um conjunto de oito edifícios harmoniosamente construídos na rua Aquilino Ribeiro, a nascente da CHE-Capitães de Abril, cinco mais três, dois já virados para o Hospital Particular. Na minha modesta opinião, foram de uma arquitetura feliz e até a cor escolhida para os pintar a todos foi de sentido bom gosto.

A pergunta que eu faço, agora, é porque permitiu a Câmara Municipal que um dos edifícios, onde está instalado o Café Filadélfia, fosse pintado de cor diferente, quebrando a harmonia que ali existia? Então a Câmara Municipal, que é tão exigente às vezes com pequenos arranjos na habitação de qualquer munícipe, porque é tão condescendente com este tipo de opções? Os laterais também vão ser pintados ao gosto dos respetivos proprietários? Imaginemos que, agora, na CHE-Capitães de Abril o condomínio de cada bloco resolvia a seu belo prazer pintar o edifício da cor que mais lhe agradava? Seria isso permitido?

Como é que se permite também a construção de prédios de costas voltadas para a rua, desprezando totalmente a beleza e harmonia que deveria ser também procurada em qualquer projeto de um arruamento? A arquitetura do interior, para o seu proprietário é certamente importante e no interior poderá ser até muito agradável e funcional, mas então e a fachada exterior e a sua estética para o conjunto dos munícipes e transeuntes que circulam pela cidade, não importa? Feito o estrago, na minha opinião, só uma pintura urbana de bom gosto, feita naquele árido muro, tornaria a sua aparência minimamente aceitável… há no burgo artistas com muito talento para isso. É ver o lindo painel na parede poente do Interface rodoviário.

A propósito de arquitetura de interiores, atrevo-me a sugerir que o prestigiado arquiteto Souto de Moura, responsável pelo Centro Cultural do Alto Minho, fosse convidado a vir assistir a um espetáculo de duas horas sentado nas bancadas laterais do mesmo… ou então os responsáveis pela aprovação do projeto, que geralmente ficam sentados confortavelmente em cadeiras na primeira fila… Tem-se mais conforto num estádio de futebol, como sabem, onde ao menos é possível encostar as costas.

Não era difícil dar um pouco mais de conforto àquelas bancadas e nem seria, de certeza, demasiado dispendioso. Assim houvesse motivação e vontade…

João Santos

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