PINTOMEIRA – um pintor do mundo

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PINTOMEIRA é não só um pintor vianense, mas um pintor de todos os lugares. Fez um percurso ligado à arte quase sempre fora de Viana. No seu deambular pelas grandes metrópoles, onde a cultura tinha outro nível que não o português, foi expondo e comercializando o que ia advindo da sua vasta produção artística.

Hoje está na Viana que nunca esqueceu, onde estudou e deu os primeiros passos na pintura. Foi aqui que, em 2016, a convite do nosso Município, realizou uma das suas mais relevantes exposições, ocupando grande parte dos espaços expositivos no centro da cidade, para mostrar todas as variantes da arte que produziu no decurso da sua longa carreira. Mas disso nos fala nesta entrevista. Disso e muito mais, a mostrar como encarou e viveu a arte ao longo dos tempos, sem deixar de dar opinião sobre a observação que faz do presente artístico de Viana.

 

Dos primórdios à atualidade, o que se pode dizer de uma carreira que quase só teve a arte como ocupação?

Não diria uma ocupação, mas, no meu caso, uma filosofia de vida, uma busca do autoconhecimento e expressão da interioridade. Uma opção por um caminho inevitável e, a partir de certo momento, irreversível.

Todos os artistas têm os seus momentos altos. Quais foram os seus?

Recordaria a participação numa exposição no Grand Palais de Paris, em 1978, homenageando o renomado surrealista belga, René Magritte. Entre outras, menciono e relevo, também, a Exposição Antológica 2016, realizada pela Câmara Municipal de Viana do Castelo.

Nasce-se artista ou este faz-se com o tempo?

O artista sente-se como tal em determinado momento da vida. Em certos casos existe uma decisão racional para o ser, noutros existe um impulso que se vai metamorfoseando num crescendo até que a persistência conceba uma assinatura própria e uma obra consolidada. Embora tenha estudado para o ser, de nada valeria se não existisse esse impulso e essa perseverança, essa consistência.

Como é viver para a arte e da arte?

Como qualquer outra profissão que se gosta de praticar. Cumpre-se uma vontade que nos surgiu pelo caminho. A arte sempre lá esteve; é necessário encontrá-la e expressá-la.

O artista é respeitado no seu valor ou explorado sem pudor?

No seu acto criativo, o artista desfruta de uma liberdade inteira que não permite a interferência do outro. Já, no acto expositivo, o seu trabalho está sujeito à crítica e, a alguns artistas, existe a exploração por gananciosos negociantes de arte.

Como define a arte na sociedade local?

Entendendo como sociedade local a comunidade vianense, considero que a arte, em muitas das suas expressões, tem tido um destaque e uma visibilidade considerável. Desde Defensor Moura, continuando com José Maria Costa, ex-Presidentes da Câmara, as artes, nas suas mais variadas expressões, mereceram uma destacada atenção. O actual Presidente, Luis Nobre, conhecendo-lhe o seu apreço pela cultura, irá continuar o mesmo posicionamento. Estas posturas irão ter a sua influência positiva no que diz respeito à candidatura de Viana do Castelo a Cidade Europeia da Cultura, em 2027.

A arte já teve melhores dias, ou estes são tempos em que apenas se considera o valor, não dando hipóteses a quem não o tem?

Desde a Idade Moderna, com o advento do Renascimento até ao Pós-Modernismo da actualidade, o mundo da arte sempre teve os seus altos e baixos. Não sendo um misoneísta, tenho considerado, nos meus ensaios, que o Pós-Modernismo veio adulterar a essência da arte com o conceptualismo, as instalações e as gigantescas criações industriais. Ontem como hoje, o artista com talento criativo e espírito inovador acabará, sempre, por ser valorizado e reconhecido se para isso trabalhar com uma determinação consistente.

De projetos futuros como estamos?

Quanto à pintura e após o meu 17º tema, encontro-me, neste momento, numa pausa. Desde há alguns meses que estou ocupado com a escrita de um livro intitulado “A Arte no Período Entreguerras” que abrange todos os estilos, movimentos e vanguardas artísticas surgidas entre o fim da Primeira Guerra Mundial (1918) e o início da Segunda Guerra Mundial (1939). É um trabalho exaustivo de investigação e pesquisa de factos e incorporado com um exercício crítico pessoal.

Ao que conta a pintura está sossegada no seu reino e a escrita é que predomina. É verdade?

Neste momento, é um facto. Após alguns ensaios e crítica artística decidi escrever um livro, como já lhe referi. No entanto, estou muito curioso acerca do meu 18º tema quando regressar à pintura.

Vai haver novidades editoriais?

Quando se toma a decisão de escrever um livro tão circunstanciado acerca de um tema tão específico sobre o mundo da arte, o meu objectivo é a sua publicação para que venha a ser lido.

PINTOMEIRA não segue os princípios do novo acordo ortográfico

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