Não tenhamos ilusões: os governos não vão construir autoestadas ou vias rápidas, caras que são, para que nelas se circule gratuitamente. Que se saiba, não se faz em país algum. Mas há formas diferentes de tratar este assunto, ajustando a cobrança à importância que cada via tem para cada região, ou conforme outras razões. Infelizmente, para os governantes, a razão eleitoral também muito pesa.
Sem pretendermos aqui tratar da justiça, ou não, da redução de 30% para algumas portagens de várias ex-SCUT (Sem Custos para o Utilizador), porque o assunto exige estudo e observação, é lógico que o Alto Minho proteste por não ter sido contemplado na A28, que liga Viana ao Porto. Como se costuma dizer, o Governo nem sequer “deu ares de sua graça”, eliminando ou recolocando o denominado pórtico 4 do Neiva.
E aqui é que é de bradar aos céus. Primeiro, porque o assunto, depois de muito protesto público, até já foi levado em petição ao Parlamento em 2017, com sete mil assinaturas dos mais variados estratos das gentes do Alto Minho; e, depois, porque as razões são merecedoras de respeito da parte de um Governo que se assume como descentralizador e pugnador de uma economia desenvolvimentista pelo país no seu todo.
Ora, o pórtico do Neiva, no local em que está colocado, obriga ao pagamento de taxas a todos os que se movimentam na e para a maior zona industrial do Alto Minho. Trata-se, por isso, de mais um imposto que o Estado cria a quem trabalha e quem cria postos de trabalho. Não se trata de um troço da via que serve fundamentalmente o passeio em dias de sol, mas sim de um itinerário que, na sua esmagadora maioria, é circulado pelo mundo laboral. É razão para dizer que a governação e, particularmente, a Senhora Ministra da Coesão Territorial, estão pouco interessados em promover o desenvolvimento de regiões necessitadas de crescer e darem passos (nem que sejam pequenos) para se aproximarem das regiões que já têm a sua grandeza.
Já sabemos que quem mais se agita e grita, mesmo com poucas razões, é quem mais ouvido é. Por isso, se não se criarem movimentos fortes para fazer valer razões de direito; se nos ficarmos por uns comunicados de circunstância com mais ou menos protesto, vamos continuar a ser o Alto Minho morno e amorfo, pouco merecedor da atenção de quem está sossegado na capital; e que nos visita nas Festas d’Agonia para, eleitoralmente, participar na feitura dos tapetes da Ribeira e dar nas vistas junto dos milhares de votantes que vêm até nós, omitindo-nos depois ao longo de mais um ano.
GFM