Na paisagem urbana de Viana, pela sua imponência, ainda sobressai o desventurado “Prédio Coutinho”.
A construção deste edifício, na década de 70, concitou críticas de estética paisagística que ressoaram nos anos 80 e 90. No entanto, só na passagem do século a sua demolição se erigiu em perniciosa obsessão da gestão camarária vianense.
Acompanhei as críticas à estética do prédio e, também, ao planeamento urbanístico da sua área envolvente. Por isso, em 1990, quando um jornalista portuense me questionou sobre a demolição do edifício, respondi-lhe que, embora não constasse dos planos camarários, a sua redução de 13 para cerca de 6 pisos poderia vir a fazer parte deles… “se a Comunidade Europeia a financiasse”!
Até 1994, os inúmeros projetos concebidos e realizados, tidos como prioritários para a emergência de Viana como cidade média europeia, relegaram a redução da altura do prédio para um dos “faits divers” locais e a questão nem sequer chegou a ser posta formalmente.
Depois de tantos recursos financeiros, materiais e imateriais delapidados com a pretensão da demolição do edifício, interrogo-me sobre se esta não terá contribuído – e não continuará a contribuir – para a decadência do concelho que, na última década, perdeu quase 3 mil habitantes, apesar da sua excelente localização, no litoral do noroeste ibérico, entre o Porto e Vigo.
Agora, quando a “desconstrução” do edifício começa a ser consumada, sente-se o esfriamento desta obsessão e já se admite que, a ela, possa suceder não só o arrependimento como, até, a saudade do prédio na paisagem da foz do Lima!
Carlos Branco Morais