Problemas com a comunidade brasileira

Joao Cerqueira
Joao Cerqueira

Quem escreve estas linhas é um amigo do Brasil e da cultura brasileira. Estou publicado no Brasil, admiro a literatura e o cinema brasileiro, e faço férias regularmente no país. Além disso, considero ser muito importante que os emigrantes brasileiros se integrem e valorizem a sociedade portuguesa.

Por isso mesmo, escrevo estas linhas para tentar alertá-los para algo que está a acontecer em Viana do Castelo e, quiçá, no resto do país. Parte da comunidade brasileira está a ter uma atitude de conflito e arrogância nos serviços públicos, e até nos hotéis, que prejudica gravemente a sua imagem e reforça os preconceitos.

A primeira vez que ouvi referências a este comportamento foi através de um professor da escola pública onde, além dos brasileiros, há crianças de todo o mundo. Todavia, estes demonstram mais dificuldades em acatar as normas e os seus encarregados de educação reagem ainda pior quando são chamados à escola. Em vez da humildade necessária para tentar corrigir o problema – cujo principal interessado é o próprio filho – respondem de uma forma indelicada que, regra geral, culmina com a vitimização: «está-me discriminando?».

Ouvi também relatos que nos centros de saúde alguns e algumas cidadãs brasileiras discutem com os funcionários e exigem, «já!», uma consulta. Outros dizem que no Brasil o sistema de saúde é muito melhor, o que leva por vezes a ouvirem respostas também não muito simpáticas de regressarem à origem. Ora, sendo certo que a saúde em Portugal está caótica, tal afecta todos por igual, portugueses, brasileiros e cidadãos de outros países. No entanto, à excepção de alguns problemas nas urgências, a maioria dos portugueses não trata mal os funcionários dos centros de saúde – que não têm  culpa nenhuma disto.

Por último, uma pessoa amiga que trabalha num dos principais hotéis de Viana, confidenciou-me que na realização de festas de casamento ou baptizados os convidados brasileiros tratam com arrogância e maus modos os empregados que os servem. «São os piores hóspedes», disse.

Decerto não serão todos assim. Aliás, eu, como professor, só posso dizer bem dos alunos brasileiros que tive até agora. Quer na educação, quer no conhecimento.

Mas há de facto problemas e não adianta ter receio de ser politicamente correcto. O resto da comunidade brasileira que respeita os funcionários públicos e se quer integrar não merece que alguns dos seus compatriotas denigram a imagem do Brasil. Deveriam, por isso, ser eles os primeiros a tentar sensibilizar essas pessoas para que alterem estes comportamentos que a todos prejudicam.

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