PSD – Uma renovação necessária dos órgãos locais

A. Lobo de Carvalho
A. Lobo de Carvalho

Um grupo de militantes, não conformado com o adormecimento do PSD em Viana do Castelo, virou-se do avesso e meteu mãos à obra, apostando tudo na eleição de uma nova Comissão Política para imprimir um novo impulso ao Partido. Quer lutando contra a manutenção dos mesmos, quer acordando quem andava distraído, esse grupo acabou por dar uma lição de persistência e coroar, com o sucesso desejado, o seu esforço de militância, ao conseguir uma folgada vitória com a eleição da sua lista para a Comissão Política de Secção. Esta viragem, há muito desejada, destronou, finalmente, um outro grupo que sempre evidenciou desejar perpetuar-se no poder, recorrendo para o efeito a alterações estratégicas de posicionamento nas listas.

Com efeito, tanto a Comissão Política da Secção do PSD de Viana do Castelo que agora termina funções, bem como outras anteriores, quase deixaram o Partido sem vida, sem fulgor, sem objectivos e a caminho do adormecimento total. Permitir que o Partido chegasse a tal situação, na capital do Distrito, era e é impensável. Apenas se notava algum frenesim nos períodos eleitorais, sempre com a preocupação pela manutenção dos mesmos militantes nas listas e, com isso, ocuparem todos os lugares de representação dentro e fora do Partido, como se não houvesse mais ninguém com horizontes e capacidade política. Sendo uma realidade que o Partido, em Viana, congrega nas suas fileiras centenas de militantes de elevada estrutura intelectual e cultura política, prontos a oferecer todo o esforço e saber, foi com grande satisfação que observei uma dinâmica participativa muito diferente para melhor, o que significa que o Partido está vivo, que existe uma consciencialização firme e convicta para o fazer crescer e que apenas basta tocar no ponto certo para comparecerem à chamada.

Para bem da sociedade vianense, é urgente dinamizar e reconduzir o PSD à ribalta da política local, não só com o regresso ao activo dos militantes que se foram afastando por absoluta frustração e desilusão perante os interesses instalados, mas também com a entrada de novos simpatizantes para que o Partido cresça e venha a ocupar lugar de destaque, que já foi seu. A família social-democrata deve irmanar-se para vencer os desafios futuros, e, por isso, a união de todos é fundamental, sem lágrimas dos vencidos nem arrogância de vencedores.

É este o grande objectivo que se coloca à nova Comissão Política de Secção, a fim de que consiga criar condições para destronar o Partido Socialista do poder absoluto local, que detém já lá vão quase trinta anos, e oferecer à sociedade vianense uma brisa fresca de novas políticas e novos intérpretes. Com um trabalho sério e dinâmico junto da população, acredito que pode conseguir realizar este desígnio.

A realidade mostra-nos que, desde finais do século passado, o PSD começou a definhar em Viana do Castelo, devido a estranhos e repetidos jogos de protagonismo pessoal e tentativas de afirmação pública a que a sociedade vianense assistiu com indiferença. Jogos que descredibilizaram o Partido e produziram resultados profundamente nefastos, reflectidos na falta de adesão dos eleitores aos programas políticos, como foi visível nas diferentes eleições de âmbito nacional e local. Impunha-se, por isso, e com urgência, uma alteração de dirigismo político com novos protagonistas, sem vícios e sem interesses egoístas, realidade que se tornou possível no acto eleitoral interno de 26/10, que irá, certamente, e como se espera, produzir os seus frutos. 

A perpetuação no poder e os jogos duvidosos que lhe servem de base constituem a tradução do egoísmo e dos interesses levados ao seu expoente máximo, ferindo gravemente o carácter  dos outros militantes e as suas competências, já nque também alimentam sonhos. A perpetuação não passa de um desprezível acto egocêntrico que descaracteriza a democracia e que deve ser combatido, já que ninguém é insubstituível. Por outro lado, não se compreende como pode haver grupos de subservientes acólitos sempre predispostos a alimentar estados de alma narcisistas que muito têm prejudicado o PSD.

Em nenhuma instituição existem indivíduos insubstituíveis. Sempre surge alguém com capacidades para conduzir as políticas institucionais, e, até, muitas vezes com mais engenho, havendo que perceber que há novas ideias e novos intérpretes, deixando fluir cada um.

Assim, o PSD de Viana do Castelo está a sofrer pelos desmandos dos que quiseram apoderar-se de todas as vantagens possíveis em termos sociais e outras que não interessa especificar. Politicamente, o Partido nada conseguiu de relevante para o território municipal. Perdeu influência no eleitorado, perdeu vereadores, Juntas de Freguesia e deputados municipais, caindo num inconcebível limbo político.

A crítica que aqui faço tem plena razão de ser, porque o Partido em Viana parou no tempo, o que fere a história e a dinâmica que levaram à sua fundação e afirmação na sociedade.  É uma crítica sem ressentimentos, mas necessária, que não contém floreados nem paninhos de renda, quer porque não é o meu estilo, quer porque assenta numa realidade que deve ser banida e porque possuo toda a legitimidade para fazê-la. É que, desde que sou militante, tenho servido o PSD em várias funções, sempre de forma desinteressada, e nunca utilizei o Partido para me insinuar socialmente, sendo que as funções desempenhadas sempre partiram de convites para o efeito. E, nas mesmas condições, muitos outros militantes. Aceito que a ambição é um sentimento pessoal legítimo; contudo, nunca pode ser cego, a ponto de se tratar os outros como mentecaptos.

Penso que os militantes, que são muitos, têm de remar todos em conjunto e sem ressentimentos, se de facto quiserem levar o Partido novamente à senda das vitórias. E a nova Comissão Política da Secção de Viana do Castelo dispõe de condições para realizar este grande objectivo. Não pode é perder tempo porque, como referia Hipócrates, “o tempo é aquilo em que há oportunidade e a oportunidade é aquilo em que há tempo, mas não muito”.

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